quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Dawkins - O ateu-fundamentalista-construtivista

Dawkins, uma Confusão - Naturalismo ad absurdum

Alvin Plantinga

Tradução: Vitor Pereira1

Richard Dawkins não está satisfeito com Deus:

“O Deus do Antigo Testamento é sem dúvidas o personagem
mais desagradável de toda ficção. Ciumento e orgulhoso;
mesquinho, injusto, maníaco controlador implacável, vingativo,
sedento de sangue, misógeno, homofóbico, racista, infanticida,
genocida, filicida, pestilento, megalomaníaco…”

Bem, não é necessário terminar a citação; deu pra entender a idéia.
Dawkins parece ter escolhido Deus como seu arquiinimigo. (Vamos esperar,
para o bem de Dawkins, que Deus não retribua na mesma moeda.)

Deus, um delírio (2) é um extenso discurso contra a religião em geral e a
crença em Deus em particular; Dawkins e Daniel Dennet (cujo recente
Quebrando o Encanto é sua contribuição para esse gênero) são a dupla de ataque
do ateísmo acadêmico.(3) Dawkins escreveu seu livro, ele diz, para encorajar
ateus tímidos a saírem do armário. Ele e Dennet parecem acreditar que é
necessária uma boa dose de coragem para atacar a religião nos dias de hoje;
Dennet diz, “Eu ponho minha cara a tapa, mas ainda assim eu persisto.”
Aparentemente o ateísmo tem seus próprios heróis da fé – seus autointitulados
heróis. Nesse ponto não é fácil levá-los a sério; atacar a religião no
ocidente é tão perigoso quanto apoiar o candidato da festa num encontro
republicano.

Dawkins é talvez o escritor de ciências mais popular do mundo; é
também um escritor de ciências muito talentoso (Por exemplo, seu livro O
Relojoeiro Cego é um brilhante e fascinante tour de force). Deus, um delírio,
entretanto, contém pouca ciência; é em grande parte filosofia e teologia (talvez
“ateologia” seria um termo mais apropriado) e psicologia evolucionista, junto
com seus comentários sociais denegrindo a religião e seus efeitos maléficos.
Como a citação acima sugere, não devemos esperar do livro um comentário
cuidadoso e minucioso. De fato, o nível de insulto, ridicularização e zombaria
é gritante. Se Dawkins se cansar do seu trabalho cotidiano, um futuro
promissor como comentarista político o aguarda.

1 Tradução disponível no blog http://despertaibereanos.blogspot.com/.
2 Publicado no Brasil pela Companhia das Letras. (N. do R.)
3 Um terceiro livro sobre esses assuntos, The End Of Faith (O Fim da Fé), foi escrito recentemente por Sam Harris, e ainda mais
recentemente uma seqüência, Carta a Uma Nação Cristã, então talvez deveríamos falar do trio de ataque – ou, já que Harris é muito
jovem nesse empreitada (ele é um estudante de graduação) talvez “Os três ursos do ateísmo”?

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postado pelo Prof. Luis Cavalcante

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