sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

GENOCÍDIO HOMOSSEXUAL?



A Folha de São Paulo, neste dia 09 de dezembro de 2008 traz uma carta, no “Painel do Leitor” discutindo notícias recentes sobre assassinatos de homossexuais em uma praça de São Paulo, que vêm sendo correntemente investigados pela polícia. Nela, o missivista fala de um “genocídio de homossexuais” que estaria ocorrendo no Brasil. Obviamente, como cristãos e cidadãos ordeiros dessa nação brasileira, somos contra qualquer assassinato. Acreditamos até que a punição corrente para esses crimes seja por demais suave, quando comparada com as determinações bíblicas que especificam a pena de morte para a retirada da vida de pessoas que são formadas à imagem e semelhança de Deus. No entanto, esse rótulo de “genocídio homossexual” é curioso, estranho e intrigante.

O autor da carta e da expressão é um militante da causa homossexual, de presença amiúde nas páginas dos jornais. Com um currículo impressionante, ele é Chefe do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia; membro da Comissão Nacional de Aids, do Ministério da Saúde (CNAIDS) e do Conselho Nacional de Combate à Discriminação do Ministério da Justiça. Para que não paire a falsa idéia de que ele é prestigiado apenas pelo presente governo, o Sr. Luiz Mott foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Rio Branco pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

Ele é um dos principais promotores da chamada “lei contra a homofobia” (PLC 122/2006), que tramita no Senado Federal e que já foi alvo de alguns posts neste Blog (veja aqui, aqui e aqui). Promove, também, outras leis semelhantes que estão sendo aprovadas por municípios e estados desse nosso país. Uma das pérolas nauseabundas de sua lavra é um texto no qual coloca em dúvida a historicidade de Jesus, para, a seguir, afirmar que se há qualquer veracidade nos relatos bíblicos, o que sobressai é um Jesus que é sodomita ativo e um apóstolo João como um de seus amantes. Paro por aqui, sem entrar em detalhes mais obscuros e pornográficos de outros textos sua autoria e promoção. Informo, em adição, que o Luiz Mott tem contestado algumas acusações que tem recebido, em vários blogs, nesta sua página.

Interessa-me, na realidade, analisar a sua expressão e a divulgação freqüente de que atravessamos um “genocídio homossexual” em nosso país. Uma das estatísticas mais utilizadas (faça uma pesquisa no Google) é a de que “a cada três dias um homossexual é assassinado no Brasil” (veja, por exemplo, aqui e aqui). Essa tem sido a principal bandeira para promover o malfadado Projeto de Lei já mencionado, supostamente contra a homofobia. Recentemente, estive em um evento e ouvi um Ministro de Estado repetir essa mesma estatística, sem pestanejar, nem ponderar. A inferência desse número, é que isso retrataria uma brutalidade e ataque intenso aos homossexuais em nosso país. Os gays necessitariam, portanto, da proteção dessa lei contra tal intolerância. Para chegar a esses números, e afirmar que, no Brasil, “tivemos 122 mortes, neste ano, superando o México e os Estados Unidos”, Mott compilou os seus dados através do método duvidoso de referir-se às notícias dos jornais, por inexistência de “estatísticas oficiais”. Segundo Mott, o Brasil atravessa um “homocausto” (trocadilho que procura associar a morte de homossexuais ao Holocausto)!

Repetindo, acredito na lei de Deus e em seus princípios de justiça, bem como na dignidade humana. Repudio, portanto, qualquer tipo de assassinato ou crueldade contra qualquer pessoa. Sobre essas estatísticas e sobre a terminologia que está sendo utilizada, entretanto, pondero o seguinte:

1. Em primeiro lugar, a utilização da expressão “genocídio” é interessante, curiosa e contraditória. A palavra tem a sua origem com o trabalho do judeu polonês, Raphael Lemkin, que protestava as ações dos “atos bárbaros” da Alemanha nazista. Em 1944, ele cunhou o termo em seu livro “O Domínio do Eixo na Europa Ocupada”. Lemkim pegou a palavra grega “genos”, que significa “raça”, “tribo”, “grupo étnico”, unindo-a ao sufixo latino “cidium”, que significa “ato de matar”, “assassinato” - resultando na palavra genocídio, ou seja, o assassinato de uma raça ou de um grupo étnico. Quando um homossexual se refere a assassinatos de homossexuais como sendo “genocídio homossexual”, está atribuindo um determinismo genético ao homossexualismo (equacionando a prática com “raça”, “tribo”, “grupo étnico”). Ocorre que, curiosamente, eles próprios têm se posicionado contra a noção de que existe uma inclinação biológica ou genética à prática. Afinal, uma das grandes bandeiras do movimento gay é sobre “o direito de opção sexual”: ser-se aquilo que se quer ser, em vez de procurar ser aquilo que biologicamente são. Rebelam-se contra a noção de que Deus criou dois sexos, e não três ou quatro. Colocam na pessoa a definição de sua sexualidade, e não no Criador. Pois bem, ao clamar “genocídio”, contradizem-se em sua própria argumentação.

2. Segundo, alguma coisa está sendo perdida nessa estatística. A cada ano, 50.000 brasileiros são assassinados, o que dá 138 brasileiros por dia, ou 414 a cada três dias. Se a questão é que “um homossexual é assassinado a cada três dias”, isso dá 1 a cada 414 pessoas. Ou seja, 0,25% dos assassinatos totais.

3. Ocorre que “... o movimento gay declara que o número de homossexuais na população brasileira atinge o percentual de 10%...”. Juntando essas duas afirmações, se verídicas (procedem, ambas dos grupos gays) chega-se à conclusão que morrem menos homossexuais do que o restante da população (414 x 10% = 41). Isto é, morrem 40 vezes menos homossexuais do que heterossexuais. De acordo com essas estatísticas distorcidas, a melhor forma de escapar com vida, no Brasil, é virar gay.

4. A questão, que essa discussão evita, é que mata-se indiscriminadamente no Brasil e isso não é restrito a um segmento ou grupo em particular. É verdade que falar genericamente dos assassinatos, da falta de lei, da violência contra os cidadãos, não “dá mídia” nem impressiona tanto, quanto as estatísticas do Mott. Por exemplo, o movimento Rio de Paz fez recente manifestação nas praias cariocas apontando a cruel estatística de que somente nos últimos dois anos, na cidade do Rio, há o registro de 9.000 desaparecidos. Destes, 6.300 foram presumidamente assassinados e nunca retornarão aos lares. Vários desses foram mortos com requintes de crueldade, no chamado “micro-ondas”, onde as pessoas condenadas a morrer são colocadas em pneus nos quais toca-se fogo, carbonizando a vítima. Esse “crematório individual”, praticamente impede a identificação dos restos mortais. Isso é um arremedo tropicalizado, mais sofisticado e mais cruel, daquilo que a gang de Winnie Mandela, na África do Sul (conhecida como Mandela Football Club) praticava contra os desafetos (lá, era um pneu, só, em chamas, colocado ao redor do pescoço), nas décadas de 70/80. Antônio Carlos Costa (líder do Rio de Paz) aponta que se fez um escarcéu enorme com 138 ativistas políticos que desapareceram na época do regime militar, mas ninguém aparenta dar a mínima com esses desaparecidos e essa matança indiscriminada de agora.

5. É curioso, portanto, que um grupo específico, manipule dados e formule estatísticas enganosas. É intrigante, que na contabilidade do Sr. Mott, homossexuais só morrem – eles não matam. É surpreendente como realidades são ignoradas, como no caso desses assassinatos mencionados no início deste texto, no Parque dos Paturis, em Carapicuíba ninguém aponta que o principal suspeito, preso em 10 de dezembro de 2008, um ex-PM, aparenta ser igualmente homossexual. Ele procurava encontros naquela localidade (uma das testemunhas informou que esteve com ele em um motel, nas vizinhanças). A mídia Esquece que os “ativos” são igualmente homossexuais. E assim, com essas frases e “estatísticas” de efeito, contando com apoio e projeção governamental, os gays e simpatizantes procuram impor uma lei da mordaça heterofóbica, sob o suposto manto de uma pretensa proteção à violência social que impera em nossas plagas; quando a violência não enxerga cor, raça ou sexo. Pior, ainda, é que essa lei é voltada contra as convicções e liberdades religiosas; contra princípios de acato à instituição da família, em vez de contra criminosos de verdade e assassinos de fato.

A triste realidade é a de que o governo tem abdicado de suas responsabilidades de proteção à vida, como sendo a prioridade número um de suas funções. Sofrer violência não é característica de um grupo específico, mas é conseqüência da impunidade e da omissão do estado. Provavelmente deveríamos formar um grupo: os OHEB – Órfãos Heterossexuais do Estado Brasileiro. Quem sabe conseguimos promulgar uma lei que nos proteja?

SOLANO PORTELA
www.solanoportela.net

FONTE: http://tempora-mores.blogspot.com/2008/12/genocdio-homossexual.html
Quinta-feira, 11 de Dezembro de 2008 - Genocídio Homossexual? - Postado por Solano Portela às 22:43

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Foto: memorial das vítimas de Fidel Castro.

Economista defende mudanças na organização do sistema educacional

Ampliação do investimento público em Educação e a organização do sistema educacional foi o tema da entrevista desta sexta-feira com Samuel Pessoa, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ). O professor acredita que a valorização da carreira docente passa necessariamente por mudanças na atual organização do sistema educacional. Ele defende a ampliação do investimento destinado à área e também a manutenção do pagamento dos funcionários aposentados pela secretaria de Educação.

Leia a entrevista a abaixo:

Todos Pela Educação: Atualmente o investimento público total do Brasil em Educação é de 4,5% do PIB, sendo 3,7% em Educação Básica. Em sua opinião, o País precisa investir mais para alcançar a qualidade ou é apenas uma questão de gerir melhor os recursos disponíveis?
Samuel Pessoa: No meu entendimento, ainda é preciso aumentar o orçamento destinado à Educação. Por exemplo, aqui em São Paulo ainda existe o chamado “turno da fome”, mas o ideal é que as crianças fiquem no mínimo cinco horas na escola, o que resultaria em dois turnos: um pela manhã e outro à tarde, mas para isto é preciso dinheiro. É importante que haja a fonte desse recurso. Por outro lado, muitos estudos têm demonstrado que não há garantias de que o aumento dos investimentos implique necessariamente na qualidade do ensino. Sobretudo, dada a forma atual de organização do sistema educacional. Há casos como, por exemplo, São Paulo onde o custo aluno é maior do que Minas Gerais, mas na comparação entre os dois estados São Paulo tem desempenho menor nas avaliações.

TPE: Algumas redes pagam os professores aposentados (inativos) com o orçamento da Educação. Isso impacta na qualidade do ensino?
SP: Acredito que esta discussão é acessória, porque a questão principal é aumentar o gasto com a Educação. Tirar o pagamento do orçamento da secretaria é equivalente a aumentar o gasto com Educação, pois esse pagamento será feito de qualquer forma, mesmo que seja por outra secretaria. O salário do professor tem que sair da conta da Educação, porque a aula que o professor dá hoje gera uma obrigação para daqui a 20 anos, que vem a ser a aposentadoria desses profissionais. Isso é importante até para a sociedade avaliar qual é o custo social da Educação.

TPE: Qual a sua interpretação sobre a valorização da carreira do magistério e o seu impacto na qualidade do ensino?
SP: A valorização pode a longo prazo melhorar a qualidade atraindo bons profissionais para a carreira. Entretanto, não é possível falar em valorização do professor sem promover simultaneamente mudanças na estrutura da carreira. Porque da forma como ocorre hoje é difícil valorizar o bom profissional. A rede pública é atrativa, é preciso repensar a contratação por concurso público, a aposentadoria após 25 anos de exercício, a estabilidade, o número de faltas permitidas e a evolução da carreira apenas pela passagem do tempo, porque esse sistema não distingue o bom e o mau profissional.

TPE: O projeto que prevê o fim gradativo da DRU foi aprovado em julho pelo Senado e aguarda avaliação da Câmara dos Deputados. Qual o impacto dessa medida no trabalho dos secretários de Educação?
SP: Eu tenho dúvidas se ainda hoje a DRU tem grande impacto sobre o orçamento das secretarias. Por outro lado, ela contribuiu para manter o superávit primário, na compra de títulos da dívida pública, e foi importante para o País voltar a crescer. O importante hoje é determinarmos quanto queremos gastar com Educação.

TPE: Falta transparência nos gastos públicos com Educação?
SP: Acredito que não. Avançamos muito nos últimos 15 anos. Hoje, é possível consultar os sites das secretarias municipais, estaduais e até do Ministério da Educação e saber exatamente qual foi o orçamento da pasta e como os recursos foram utilizados.

TPE: É possível criar um indicador que cruze investimento e gestão dos recursos destinados à Educação?
SP: Particularmente, prefiro indicadores que avaliam a eficiência pelos resultados e não pelos insumos utilizados. E, hoje, nós já temos esses indicadores. O Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, por exemplo, é um bom indicador da qualidade.

TPE: Em sua opinião, a população acompanha esses indicadores?
SP: No Brasil ainda não há a cultura de acompanhar e cobrar resultados, sobretudo entre as classes menos favorecidas. Ainda hoje, há muitos pais com baixa escolaridade, que não têm como avaliar se a escola está cumprindo o papel dela ou não. Mas acredito que essa realidade está mudando. O próprio movimento Todos Pela Educação tem trabalhado para isso, é preciso ampliar o controle social sobre a qualidade da Educação.



Fonte: 10/10/2008 - www.todospelaeducacao.org.br

quinta-feira, 17 de julho de 2008

EDUCAÇÃO TEONÔMICA

EDUCAÇÃO TEONÔMICA
Reflexões para uma Filosofia Cristã da Educação

Prof. Guilherme Carvalho

O autor é Mestre em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo, e professor na Faculdade Evangélica de Teologia de Belo Horizonte (FATE BH).

Introdução: O Problema da Dialética Heteronomia/Autonomia na Filosofia da Educação

Em sua "Filosofia da Educação", Henrique Nielsen faz logo nas primeiras páginas uma síntese geral das idéias educacionais: "Praticamente todas as doutrinas educacionais – do passado até hoje – já mereceram os mais diversos estudos e análises. Os resultados destes estudos analíticos permitem classificá-las em dois grandes grupos: educação progressista e educação tradicionalista ou conservadora". A educação progressista seria aquela na qual "... o indivíduo é estimulado a ser espontâneo, independente, e, por isso mesmo, criativo." Já a educação tradicionalista, denominada por ele "heterônoma" acredita que "... o educando deve assimilar o conjunto dos bens culturais da humanidade de forma absoluta."

Eu acredito que Nielsen está substancialmente correto, não somente quanto ao campo da educação, mas do pensamento filosófico como um todo. O dilema que ele apresentou é o reflexo de uma dialética mais ampla que permeia a atividade cultural ocidental, como veremos mais adiante: a tensão entre heteronomia (a lei ou o governo de outro) e a autonomia (a lei própria, ou autogoverno).

Os cristãos envolvidos com a educação conhecem bem essa tensão. Somos advertidos de todos os lados contra abordagens conservadoras – o próprio Nielsen apresentada a educação conservadora de forma bastante caricatural, postando-se ao lado das propostas "progressistas". Há um consenso de que o propósito da educação é formar o sujeito autônomo e críticas abundantes são feitas ao "autoritarismo" em sala de aula, bem como ao "conteudismo" dos professores. O aluno é o sujeito de sua educação, dizem. Entretanto, teimosamente pretendemos dar a nossos alunos uma educação cristã!

Como se sabe, as propostas educacionais cristãs são vistas por tal consenso como heteronômicas, tirânicas, opressoras e desinteressantes. E então o educador cristão se vê em dificuldades – para ser "progressista", não poderá inclinar os alunos à fé cristã, nem ensinar-lhes conteúdos morais absolutos. Ele conhece, no entanto, os efeitos prejudiciais das abordagens progressistas em educandos que se tornaram desinteressados, rebeldes e anti-sociais. Sente-se então tentado a rejeitar totalmente as abordagens progressistas, como o construtivismo, e praticar um tradicionalismo total.

O problema se torna particularmente difícil quando os conteúdos são claramente anticristãos. É o caso do professor de ciências cristão, por exemplo, que precisa apresentar a teoria evolucionista, mas a considera inaceitável. Sem entrar no mérito da questão: levar o aluno, a partir dos dogmas cristãos, a rejeitar uma teoria científica, não seria realmente uma forma de limitação do pensamento? Não seria uma prática destrutiva para o impulso investigativo dos alunos? Se isso for verdade – e essa é a crítica muitas vezes lançada contra o ensino cristão – a escola cristã seria uma instituição reacionária, antiintelectual e um prejuízo à vida intelectual e moral do aluno. Seria a epítome da heteronomia.

Eu não acredito, no entanto, que isso seja verdade. Não somente porquê a história nos dá muitos exemplos de como a perspectiva cristã trouxe benefícios para a educação e para a vida intelectual ocidental; a própria interpretação de Nielsen e de muitos outros é fundamentalmente errada em suas pressuposições básicas. O dualismo heteronomia/autonomia na educação é uma expressão da inconsistência própria da cosmovisão ociental, sendo essa, por sua vez, fruto de uma determinada orientação religiosa não cristã.

1. O Nomos e a Cosmovisão Ocidental

1.1.. O Problema do "Nomos"

A pergunta sobre a heteronomia e a autonomia é em primeiro lugar a pergunta sobre a fundação dos universais da realidade, e em segundo lugar, a pergunta sobre como o sujeito humano reconhece esses universais. O problema da relação entre os universais e os particulares é um dos problemas mais fundamentais da filosofia, encontrando expressão em todo tipo de formulação das questões teóricas, da arte à ciência, passando pela educação.

O problema dos universais e particulares pode ser descrito como a tensão entre o fato de que temos um sentido de realidades absolutas e imutáveis e por outro lado temos um sentido de realidades mutáveis e passageiras, sujeitas ao devir. O problema é: como nós, sujeitos ao devir, temos também o sentido do imutável? Por exemplo: por quê, apesar de vivermos situações éticas singulares e relativas, sempre temos a impressão de que há valores éticos absolutos que se aplicam a diversas situações?

O problema assume conotações existenciais se perguntamos: sou eu meramente um particular, um produto das condições históricas, absolutamente aprisionado ao devir, ou sou um ser livre, que transcende a história sendo parte dos universais? É óbvio que a resposta a essa pergunta tem amplas implicações espirituais e psicológicas.

Podemos chamar os universais de "nomos". Os universais são as leis que dão sentido à realidade, os absolutos que dão orientação e "forma" à realidade. A presença das leis é o que faz o imutável estar presente a despeito do devir. Mas de onde vêm o nomos da realidade?

1.2. Heteronomia

Uma solução para esse problema foi a identificação de certos aspectos da realidade como a origem do nomos. Isso aconteceu por exemplo no marxismo, que identificou o modo de produção como a base de toda a cultura humana. Assim, nos países que seguiram a teoria marxista, toda atividade humana é reduzida e interpretada a partir das relações econômicas.

Heteronomia significa "lei de outro" (heteros – nomos). Sistemas heteronômicos tendem a tratar o homem como totalmente condicionado pelas leis daquele aspecto preferido da realidade. No caso do marxismo, o homem é um produto histórico e econômico. Assim, o que se vê, é que o sujeito-homem é absorvido pelo objeto-economia. Qual é o efeito da absorção? A desumanização do homem e a tirania. O homem é aprisionado pelas leis econômicas e proibido de pensar e agir tendo outro ponto de partida. Como o estado nesse sistema domina a economia, o indivíduo é tiranizado pelo estado.

Outro exemplo de heteronomia foi a dominação da igreja católica na baixa idade média. Nesse período não se admitiu (embora isso não ocorresse em todos os círculos) que o pensamento científico se desenvolvesse livre das amarras da tradição eclesiástica. Aqui o sujeito é absorvido no objeto-teologia e temos a tirania da igreja (a instituição que lida com o objeto absolutizado).

1.3. Autonomia

Autonomia é a existência com leis próprias, (autos – nomos). Autonomia significa afirmar a liberdade do sujeito contra qualquer lei que não seja intrínseca a ele, e, mas específicamente, que não seja projetada pela própria razão autônoma. A idéia hoje comum nas ciências sociais de que a realidade é uma construção social é uma idéia autonomista. O ideal iluminista de só admitir como verdade aquilo que é justificado pela razão autônoma – o racionalismo – é uma construção autonomista. Todo sistema que não admite a existência de leis absolutas "fora" da consciência do sujeito é um sistema autonomista.

Desse modo, podemos ver que se a idade média representou um período de heteronomia, o racionalismo renascentista propôs uma autonomia. A atual pós-modernidade é a autonomia levada ao extremo: não há verdade absouta, e cada um "constrói" a verdade como quer.

1.4. Sujeito, Objeto e Nomos

As entidades da realidade estão em relação dinâmica, atuando e sofrendo atuação. Assim, uma forma de descrever a realidade é a partir das relações de suas entidades. Um ser que atua é um sujeito, e aquele que recebe a ação é o objeto da atividade do sujeito. Essa divisão simples da realidade nos ajuda bastante a entender o problema do nomos.

Sistemas heterônomos, ao identificar as leis da realidade com um objeto único, tornam o próprio homem um mero objeto associado, e o colocam sob a tirania daquele objeto único, ou da instituição social que lida diretamente com aquele objeto. O erro básico da heteronomia é não reconhecer a transcendência do sujeito e reduzir toda a realidade – inclusive o sujeito – a um objeto.

No outro extremo temos a autonomia. A autonomia surge como uma reação à heteronomia, quando o sujeito não pode mais suportar ser tiranizado e se liberta do objeto reivindicando transcendência em relação a ele – a liberdade. De acordo com a postura autonomista a origem do nomos encontra-se no próprio sujeito, não nos objetos. O sujeito cria as leis, ou projeta de si mesmo de algum modo os universais aplicando-os aos particulares, de modo que sua interpretação da realidade não é a realidade em si, mas sua percepção dela.

2. O Nomos e as Práticas Educacionais na História

Diferentes práticas educacionais tem diferentes orientações nômicas. A educação grega no período arcaico, quando da formação das polis gregas, era extremamente heteronômica, possivelmente devido às condições políticas tumultuadas em toda a região. Em Esparta, por exemplo, a educação era extremamente rígida e militarista, alimentando uma estrutura social classista e tradicional. A partir do século VII a.C. a educação deixa de ser tão militarista, mas continua sendo conservadora e interessada em manter a estrutura social vigente.

É somente quando entramos no período denominado "primeiro sofístico" que a educação grega tradicional é desafiada por uma proposta autonômica. Os filósofos sofistas desprezavam valores atenienses como a ginástica, e introduziram a heurística, um processo de ensino baseado "... no diálogo, no debate e na crítica. Questionando tudo, instauraram a dialética como método." Sócrates, que muitos consideram um tipo singular de sofista, apresentou a maiêutica, um método no qual se conduz o debatedor a encontrar a verdade por si mesmo. Ele foi executado por "corromper a juventude". Um conflito clássico de heteronomia e autonomia.

A proposta educacional de Platão, discípulo de Sócrates, era extremamente heteronômica; em sua concepção a formação dos indivíduos é totalmente controlada por um estado aristocrático. Para ele as histórias que as amas e mães poderiam contar aos filhos seriam determinados pelas autoridades da república, e os governantes do estado democrático seriam educados fora da influência de seus pais, sob a égide do estado; 0 Em reação, a proposta de Aristóteles equilibrava autonomia e heteronomia ao postular ser "... a família a responsável principal pela ação educativa."

O desabamento do império Romano sob o seu próprio peso foi acompanhado de uma crise intelectual e educacional. O longo período de decadência chega ao clímax em 529, com o fechamento por Justiniano da última escola de filosofia existente, em Atenas. Durante a idade média o cristianismo controlou o pensamento e a educação em boa parte do mediterrâneo e na europa, num longo período heteronômico. Com o domínio absoluto da teologia, e as outras ciências foram obrigadas a sujeitar-se. No princípio da baixa idade média surgiu o escolasticismo, que manifestava interesse real pela ciência, praticando um tipo de harmonização da filosofia pagã com o dogma da igreja. Nesse período surgem as primeiras universidades, sob o controle da igreja. A atitude escolástica busca contrabalançar a heteronomia do dogma religioso com uma autonomia relativa na investigação filosófica. Tomás de Aquino introduziu o dualismo natureza/graça para expressar esse balanceamento: a razão pode chegar à verdade sozinha, demonstrando-se assim, por ela, verdades da fé.

A autonomia que Tomás de Aquino concedeu à razão tornou-se o ponto de partida para uma gigantesca reação autonômica à heteronomia medieval. A liberdade dada à filosofia abriu o espaço para a autonomia total da natureza que, na linguagem de Francis Schaeffer, passou a "devorar a graça". É assim que, no humanismo renascentista, encontramos uma autonomia em todos os âmbitos: filosofia, arte, educação, religião, moral – nesse período "Houve um dilúvio de obras pornográficas".

Nesse ambiente ocorre a Reforma Protestante, um movimento de caráter singular. Os reformadores claramente se opunham à heteronomia católico-romana advogando a liberdade de consciência, o livre exame das Escrituras, e estimulando a pesquisa científica. A Academia de Genebra fundada por Calvino é um exemplo eloquente do interesse reformado pela educação. Calvino, especificamente, não admitia que a religião pudesse se limitar às práticas eclesiais. Para ele todas as atividades humanas deveriam ser para a glória de Deus, mesmo que não fossem "sacras". Uma posição nem autonômica, nem heteronômica, mas teonômica. Nesse período surgiu a Didactica Magna de Commenius, que levava a queda em consideração e dava à educação um papel redentivo.

A teonomia reformada durou pouco. O impulso renascentista de autonomia continuou seu curso até o iluminismo, no que significou uma inversão total na inclinação nômica da cultura ocidental. Filosofias educacionais surgidas nesse período tem inclinações autonomistas. É o caso da educação liberal de Locke, Adam Smith e Rousseau. A educação liberal "... opõe-se a toda forma de controle educacional, condena toda forma de ensino baseado em princípios religiosos e políticos." Rousseau, especialmente, ensina que o homem em seu estado natural não é mau nem bom, sendo que toda corrupção é produto da sociedade. A implicação disso é que o educando pode ser visto como potencialmente bom, e que melhor será a sociedade quanto menos fizer imposições sobre o sujeito.

O positivismo prossegue na busca de uma educação livre de todo controle externo; na prática, começa a se constituir num tipo de heteronomia cientificista levantando um grande combate contra a religião e uma tentativa de substituí-a pela "religião da natureza". Seu surgimento revela o caráter paradoxal de toda autonomia: ela acaba se degenerando em uma variedade de heteronomia.

Uma nova etapa importante da inclinação autonômica na educação foi o pragmatismo de John Dewey. Dewey acreditava que o valor de uma idéia estava na sua utilidade prática. Assim a tarefa mais alta da escola não seria a formação de uma certa mentalidade; seria antes a preparação do educando para interagir com a realidade, adquirir seu próprio processo de viver e tornar-se um sujeito criativo. A educação pragmatista é altamente experimental, valorizando a atividade física, a técnica e as questões práticas. Nota-se uma perda do interesse em preservar ou manter qualquer tipo de tradição; a ênfase agora é o sujeito autônomo.

Toda a série de propostas educacionais autonomistas que bebiam do poço liberal encontraram reação no marxismo, uma filosofia profundamente heteronômica nascida em meio à crise da razão moderna no final do século XIX. Em consonância com a diluição do indivíduo na coletividade, própria do marxismo, as concepções educacionais marxistas propunham a persuasão do educando a viver pelos interesses coletivos sacrificando seus interesses individuais. Na doutrina marxista-leninista posterior o estado, que controla os meios de produção em nome dos trabalhadores, torna-se o bem máximo dispondo dos indivíduos e manipulando de forma violentamente opressiva o pensamento e a educação. Marxistas heterodoxos posteriores como Louis Althusser e Gramsci criticaram a escola liberal como um mecanismo de dominação, mas suas propostas educacionais não eram tão heteronômicas.

O século XX viu uma série de propostas autonômicas. Segundo a concepção da Escola Nova, "... a prática escolar deve estar centrada no aluno – pedocentrismo – e não no professor, como na escola tradicional." O aluno é estimulado a rejeitar o pensamento acabado, e o professor a desistir de "ensinar" para criar um ambiente propício à educação. A orientação religiosa deve ser banida do processo educacional. Segundo Henrique Nielsen, as raízes da Escola Nova estão no empirismo, do qual ela recebeu a ênfase nas experiência ao invés do saber intelectual, e no otimismo de Rousseau em relação à natureza humana, com o qual justificou o pedocentrismo.

Também baseadas em Rousseau são as teorias educacionais libertárias, entre as quais se encontram os famosos e fracassados projetos escolares de Yasnaia Poliana, de Leon Tolstói, e de Summerhill, de A.S. Neill, nos quais as crianças freqüentavam as aulas quando queriam. Os projetos libertários partem do pressuposto de que qualquer autoridade é nociva ao educando; a verdadeira educação busca formar o sujeito autônomo.

Paulo Freire, no entanto, deve ser posto à parte. Embora também comprometido com a libertação, não parece tão marcado pela reação à tradição e rejeita abertamente o subjetivismo. Freire acredita que a educação precisa levar em consideração a situação sócio-política do indivíduo, e deve ter como alvo libertá-lo da opressão. Mas "... só os próprios oprimidos é que devem implementar essa ação libertadora." Assim, a "pedagogia do oprimido" é um método de conscientização no qual homem "chega a ser sujeito" refletindo sobre sua realidade histórica e articulando sua libertação. A despeito de sua inclinação autonômica, não é irrecuperavelmente autonomista.

Talvez a mais influente teoria educacional autonômica seja o construtivismo, ou cognitivismo, cuja figura principal é Jean Piaget. Na proposta construtivista o objetivo da educação "... não consistirá na transmissão de verdades, informações, demonstrações, modelos, etc., e sim em que o aluno aprenda, por si próprio, a conquistar essas verdades ..." A finalidade da educação é conduzir o aluno à autonomia intelectual, e as estratégias de ensino devem focalizar a experiência e a resolução de problemas por parte do próprio aluno. O professor funciona como um facilitador ocupando-se mais do desenvolvimento da inteligência do que da transmissão de fatos. Assim, por exemplo, Piaget acreditava que o direcionamento ético equivaleria à coação moral; o juízo moral da criança deveria ser construído de forma autônoma, por meio de experiências sociais.

O construtivismo tem sido criticado por pensadores cristãos como incompatível com o cristianismo devido à seu relativismo intrínseco e às suas consequências pedagógicas. A aplicação no Brasil dos ideais da Escola Nova e depois, do construtivismo originaram uma prática educacional marcadamente autonomista e produziram toda uma geração de indivíduos de grande pobreza ética e perspectivas relativistas. Discussões sobre valores morais, especialmente se de inspiração cristã foram banidas das salas de aula, e só nos últimos anos voltaram a ser uma preocupação dos educadores.

Embora seja perceptível na história uma tensão constante entre heteronomia e autonomia, podemos dizer que a teoria educacional na atualidade inclina-se para a autonomia desde a renascença e, principalmente, do iluminismo, seguindo a inclinação da filosofia moderna. No século vinte a degeneração da racionalidade em relativismo penetrou nas teorias educacionais, de modo que desenvolveu-se uma atitude negativa em relação à autoridade do professor e à idéia de transmissão de conteúdos. Podemos sumarizar a orientação das práticas educacionais na atualidade em poucas palavras: o educando deve ser o sujeito de sua própria educação.


3. A Teonomia como Ideal de Civilização

3.1. A Falha Ontológica do Esquema Heteronomia/Autonomia

Tanto a heteronomia como a autonomia expressam uma falha ontológica fundamental: a dificuldade de relacionar adequadamente sujeito e objeto, sendo um absorvido no outro, sempre. A causa dessa falha ontológica deve ser encontrada na forma de considerar a origem do nomos, os universais. Ao identificar as leis da realidade com o sujeito ou com o objeto, torna-se difícil relacionar um e outro, pois um deles passa a funcionar como "divindade", como explicação final do outro. Isso faz com que um seja sempre absorvido no outro.

Assim na heteronomia encontramos uma "inflação" do objeto. A inflação do objeto cria interpretações reducionistas da realidade, como se ela fosse uma variedade de manifestações de uma única essência. O naturalismo filosófico promove essa inflação/redução ao considerar realidades diversas como as leis físicas, a vida biológica, a consciência e a religião como meros produtos da matéria + tempo + acaso.

O contrário encontramos na autonomia, quando há uma "inflação" do sujeito e uma redução do objeto. A inflação do sujeito inclui a tendência de compreender a realidade de forma subjetivista, como se a ordem encontrada em nossa percepção fosse meramente um produto da própria mente (Kant), ou das convenções da linguagem. Não haveria assim uma percepção da realidade "em si". A inflação do sujeito conduz à destruição do impulso de síntese teórica e a interpretações fragmentárias da realidade. Esse quadro é exatamente o que encontramos hoje na pós-modernidade.

O subjetivismo é também, em última instância, reducionista, mas a redução é praticada em sentido inverso. Os objetos e o próprio sujeito são reduzidos a determinada função temporal do sujeito. Assim, no racionalismo iluminista, a função racional era o ponto de partida da redução, e no século XIX, a historicidade do sujeito. No desconstrucionismo, ao mesmo tempo em que se defende a liberdade do indivíduo, se dilúi este indivíduo em interpretações materialistas e psicanalíticas reducionistas.

O que o objetivismo e o sujetivismo tem em comum é uma determinada perspectiva a respeito do fundamento da realidade. Os ocidentais tem pensado, desde os gregos, que o fundamento último da realidade é o "Ser". Criou-se assim a metafísica do ser, na qual se acredita que as entidades tem essências que lhes dão seu caráter singular e determinam seu comportamento. No pensamento essencialista o nomos tem sua origem nas entidades, sendo o sentido, portanto, dependente do modo de existir das coisas.

3.2. Teonomia

Partindo de uma perspectiva cristã da realidade somos levados a uma ontologia bastante diferente. Admitimos que o fundamento último das coisas não é a existência, o "ser", mas o significado. O mundo nasceu do propósito e decreto de Deus, de modo que o ser é possibilitado pela lei de Deus. Dizemos então que o lado ôntico da realidade depende do seu lado nômico. Ora, tanto o sujeito como o objeto são entidades, e ambos funcionam a partir do nomos.

A solução cristã do dualismo objetivismo/subjetivismo é negar que os universais sejam originados do sujeito ou do objeto. Considera-se assim que o objeto não é a fonte das leis que o governam; e o sujeito, embora sendo sujeito, é também objeto não sendo fonte de nenhuma lei. Todos, sujeitos e objetos estão sob as leis, e nenhum deles é a fonte de qualquer lei.

As implicações disso são imediatas. Não sendo o sujeito a fonte das leis, ele deve descobrí-las, não construí-las. Isso torna possível que o empreendimento científico seja uma atividade comunitária e rigorosa, fundando-se na esperança de que o cosmo apresenta uma ordem fundamental que pode ser atingida pelo sujeito coletivo.

Mas desde que nenhum objeto é a fonte das leis, o homem não precisa ser reduzido a nenhum objeto da realidade; e mais: nenhuma tirania é permitida, porque o sujeito e os objetos não podem ser diminuídos e forçados dentro de um único aspecto da realidade, nem tiranizados por uma instituição social específica.

A essa nova condição denominamos Teonomia – uma situação tal em que não se admite que qualquer realidade no cosmo, humana ou não humana, seja considerada o fundamento da realidade e do sentido das coisas. Na atitude teonômica, nada é deus, para que Deus seja tudo, e tudo seja o que realmente é.

Pode-se perceber que a heteronomia e a autonomia são na realidade modalidades de religião. O problema ontológico esconde na verdade um problema mais profundo, de origem religiosa: a tentativa de encontrar o fundamento do cosmo no próprio cosmo, elegendo uma entidade temporal como ponto de transcendência e fonte do sentido final. Como diz Clouser: "... tanto o objetivismo como o subjetivismo são inaceitáveis desde que cada um pressupõe uma variedade de religião pagã por atribuir a uma parte da criação o papel de doador da lei ..." A abordagem teonômica é assumidamente religiosa, quando busca o fundamento do cosmo fora do cosmo, em Deus, apresentando o mérito de solucionar o problema filosófico da relação sujeito-objeto.

3.3. A Teonomia de Paul Tillich e a Teonomia Reformada

Precisamos aqui diferenciar nossa concepção daquela do grande teólogo da cultura, Paul Tillich. Tillich afirmou que a origem da tensão autonomia/heteronomia tinha raízes nas estruturas da própria razão, na tensão entre seu fundamento último (equivalendo ao nosso "universal") e suas estruturas próprias. Como fica claro, tanto a causa como a solução do problema estariam no próprio sujeito. Assim, a solução para a tensão – a teonomia – seria encontrada numa sujeição ao Espírito de Deus expressa numa firme orientação para a finalidade última (o sentido de auto-transcendência), mantendo-se a autonomia dos processos racionais.

O que se pode perceber é que Tillich pretende construir um ideal teonômico sem abrir mão da autonomia. Ele admite que a heteronomia é uma expressão distorcida do interesse pela preocupação última, mas não parece admitir claramente que a autonomia seja em si a distorção de alguma coisa, aceitando uma "boa" e uma "má" autonomia. Aparentemente, para ele, a heteronomia é sempre má, mas a autonomia não.

Ou seja, em Tillich a lei que o sujeito deve seguir nunca é externa; mesmo que ele seja guiado pela preocupação última, deverá sê-lo a partir de sua lei intrínseca, seu princípio racional. Esse princípio não pode sofrer nenhum tipo de limitação. É assim que, discutindo o uso do termo "heteronomia", Tillich diz que essa palavra deve ser usada "... para uma situação em que é imposta uma lei de fora, uma lei estranha (heteros nomos), a qual destrói a autonomia da atividade cultural, sua autós nomos, sua lei intrínseca. Da relação entre teonomia e heteronomia, fica óbvio que a idéia de cultura teônoma não implica em qualquer imposição a partir de fora." Evidentemente, a teonomia Tillichiana é uma variedade espiritualizada de autonomia.

Coerentemente com sua posição Tillich diviniza o sujeito, e passa à crítica do que chama de "ruptura" sujeito-objeto. Para ele a teonomia traz a libertação da "... prisão ao esquema sujeito-objeto". O que temos aqui? A tendência própria das expressões não-teonômicas de fundir o sujeito no objeto.

Falando específicamente da filosofia, mas de uma forma simples e aplicável a outras funções culturais, Tillich diz que "Uma filosofia é teônoma quando é livre de interferências externas e quando é efetivo o impacto da Presença Espiritual nos processos atuais de pensamento." Uma definição de teonomia na perspectiva reformacional seria substancialmente diferente: uma filosofia ou expressão cultural qualquer é teônoma quando é sujeita a todas as soberanias externas e livre da tirania idolátrica de uma única soberania sob o impacto da Presença Espiritual. Na situação teonômica, nunca há fusão de sujeito e objeto, mas o reconhecimento humilde do sujeito de que ele é também um objeto com os outros, e compreensão das leis de Deus que regem todos os objetos.

Essa sujeição a todas as "soberanias externas" obviamente choca-se frontalmente com Tillich e com o humanismo moderno, porque na mentalidade humanista a liberdade do homem é atingida por meio de uma superação de toda normatividade. Por essa razão, na cultura autonômica, a dinâmica religiosa profunda é expressa numa espécie de luxúria libertária, na qual a revolução e ruptura das tradições, dos valores aceitos, das estruturas contemporâneas são vistas como as portas da realização humana. Essa religião da revolução sempre em escravidão. Na posição reformacional ou teonômica, a liberdade não vem de uma superação das leis externas, mas de uma relação eugênica com essas leis. O que caracteriza a heteronomia é a relação patogênica, doentia, na qual uma lei se apodera do sujeito e impede nele a operação das outras leis.

3.4. O Ideal Teonômico de Civilização

O principal objetivo da educação cristã é contribuir para a construção de uma civilização cristã, uma expressão da Civitas Dei. Essa construção é necessária, dada a concepção bíblica do homem e de sua tarefa no mundo. O homem não é uma coleção de funções justapostas, como se cada uma pudesse existir separadamente da outra: pensamento, arte, religião, sexo; é antes um coração que tem diversas funções temporais mas que transcende a todas elas em direção a Deus. Não se pode, portanto, ser cristão em uma única dimensão da vida – a igreja – e não o ser na política, na educação, no pensamento, na arte, na cultura enfim. O homem só pode ser cristão em seu núcleo, e se assim o for, assim o será em todas as suas funções temporais. Isso coloca, obviamente, o cristianismo bíblico numa situação antitética em relação à cultura ocidental, pois ao contrário do que esta hoje acredita sobre a religião – que ela deve ser uma questão de "foro íntimo" – o cristão se torna autêntico quando se torna um formador de cultura, quando molda seu meio para operar nele de forma que Deus seja glorificado; enfim, quando escuta de novo o mandamento de Deus no Éden: "enchei a terra, e sujeitai-a".

Ou seja, o cristianismo não pode existir somente como uma igreja institucional, ou como um sistema doutrinário, ou como uma experiência mística, mas como um Weltanschauung, um "sistema de vida", segundo expôs Abraham Kuyper, o qual está hoje em combate mortal com paganismo ocidental, e cujo princípio deve ser erguido antitéticamente contra o princípio pagão: "... no Modernismo, a imensa energia de um abrangente sistema de vida nos ataca; depois também, deve ser entendido que temos de assumir nossa posição em um sistema de vida de poder, igualmente abrangente e estenso." Ou seja, precisamos edificar a Civitas Dei, a cultura teonômica.

Mas como o homem grego nascia de uma educação voltada para a participação e construção da polis, os cristãos edificarão a sua polis formando o indivíduo para ser um determinado tipo de homem. Esse homem não é nem o hebreu nem o grego, mas o Novo Homem, o kainòs ánthropos. É verdade que tal homem é criado por Deus, em Cristo (Ef 4.24; Cl 2.10,11); mas sua expressão histórica é mediada pelo discipulado cristão, de modo que o indicativo divino se realiza em e por meio da obediência ao imperativo "revesti-vos do novo homem", imperativo este dado no processo educacional (cf. Ef 4.20-24).

O homem cristão é um homem-sinal, não sendo mais o velho homem, mas também não sendo ainda totalmente novo; ele vive entre os tempos, participando simultaneamente da velha e da nova criação, mas sinalizando historicamente a aproximação irreversível do novo. Desse modo o projeto de uma cultura teonômica não é um projeto utópico, pois só Deus introduzirá de forma definitiva o reino. Trata-se de um projeto histórico, de um modo de existir antitético dentro da história, no meio desse mundo velho, canalizando os benefícios da graça para esse mundo de uma forma integral, mas mantendo-se em luta renhida e sem descanso. Trata-se simplesmente de ser cristão de forma coerente, integral e corporal.

4. O Ideal Teonômico e a Educação Cristã

4.1. Consequências Pedagógicas da Heteronomia e da Autonomia

No balanço final, tanto a heteronomia como a autonomia conduzem à destruição do espírito investigativo. A heteronomia produz esse efeito pela depressão do juízo crítico. Nessa depressão a capacidade de diferenciação é minada e a diakrisis impedida pela redução dogmática de toda a realidade a um único aspecto da realidade. Os professores cristãos conhecem bem a dificuldade de raciocinar de forma "aberta" ou "multi-aspectual" encontrada em jovens de formação naturalística; estes manifestam a tendência dar explicações simplistas para todos os fatos humanos que encontram – morais, religiosos, sociais -, geralmente supondo que tal abordagem dogmática e unilateral é científica. Esse é um estado evidente de tiranização da consciência. O mesmo efeito é encontrado em alunos com rígida formação religiosa fundamentalista, que foram ensinados a converter explicações teológicas da realidade em explicações científicas.

A autonomia, ao contrário do que se pensa, não favorece realmente o espírito científico. Ela mina a investigação pela inflamação do juízo crítico. A inflamação ocorre quando educando ergue sua razão ilegitimamente a um ponto de transcendência e leva a diakrisis à situação patológica de não admitir nenhum nomos exterior a si mesmo. Nesse momento ocorre uma ruptura do sujeito com a realidade e uma perda da confiança em suas possibilidades de encontrar explicações globais e verdadeiras da realidade. Essa perda da confiança pode não ser imediata; o racionalismo do século XVII era otimista sobre os efeitos da autonomia da razão; os pensadores do iluminismo, ainda mais. Entretanto, hoje estamos colhendo os frutos da modernidade: ceticismo, relativismo, niilismo. Aparentemente os jovens de hoje, ao atingir esse ponto crítico passam rapidamente da confiança na razão para um ceticismo radical, muitas vezes com desinteresse intelectual.

O ponto é que a realidade é tanto complexa como simples, una e múltipla. A heteronomia não é capaz de lidar com a realidade múltipla porque busca uma unidade essencial de forma reducionista, manifestando assim um fechamento para a complexidade, e a autonomia não é capaz de lidar com a unidade da realidade, porque não pode reconhecer a existência objetiva de universais fora de sua própria razão, manifestando um fechamento para a unidade e uma tendência de fragmentação.

A autonomia e a heteronomia também produzem consequências éticas. A heteronomia desfavorece a maturidade moral e torna o indivíduo legalista, na medida em que a internalização da lei pelo sujeito não é essencial. A autonomia desestimula a transmissão de valores e relativiza a concepção cristã do homem. F. Solano Portela criticou de forma precisa e esclarecedora o construtivismo, dando um enfoque especial ao seu relativismo moral.

Consequências sócio-políticas também acontecem. De um modo geral, a educação autonômica tende a enfatizar a liberdade do sujeito em relação aos mecanismos educacionais de alienação Assim, na educação liberal o indivíduo é ensinado a resistir a toda e qualquer negação de sua liberdade individual; essa ênfase unilateral na autonomia gera o individualismo e favorece o estado liberal não intervencionista e o capitalismo laisses-faire. A crítica de Althusser ao reprodutivismo e os insights das pedagogias libertárias mostram que a escola não existe em isolamento; ela faz parte de uma estrutura e seu programa educacional é o programa das elites. Na pedagogia de Paulo Freire, o indivíduo oprimido é conscientizado para se tornar um agente da própria libertação histórica.

Na educação heteronômica a consciência política pode não estar totalmente ausente, mas em existindo, será marcada pela devoção dogmática a uma determinada instituição programa utópico. A política marxista é assim coletivista e absolutista, e o indivíduo fica totalmente submerso nos interesses do estado.

4.2. Teonomia e Construção do Sujeito

Uma perspectiva importante do pensamento reformacional é a idéia de que, entre si, e em relação a Deus, todas as entidades são tanto sujeitos como objetos. Existir, então, é ser sujeito, no sentido de ser sujeito da ação e também de ser sujeito à ação. O que capacita uma entidade a funcionar como sujeito ou objeto é sempre o nomos.

Pensando a atividade educacional dessa forma, percebemos que todo o debate da autonomia contra a heteronomia está desencaminhado porque se ignora um fato básico: o educando não é somente o sujeito de sua própria educação, mas também um objeto ou um "sujeito-a" na educação. Isso porque a educação é uma atividade civilizatória. A educação é, sempre, uma ação de certa comunidade sobre seus novos membros, não havendo educação que não pressuponha um projeto civilizatório. Essa é uma contribuição importante de Durkheim: a função da educação é socializar o indivíduo inculcando-lhe os valores sociais e fortalecendo a integração cultural. Mesmo a tentativa de criar uma autonomia plena no educando não pode passar de ser uma tentativa de impôr um ideal de civilização sobre os indivíduos – e nesse momento, negar que o indivíduo está sendo tratado como objeto torna-se uma tolice.

Para os autonomistas, falar do indivíduo como "sujeito-a" pode parecer absolutamente assustador – não obstante, é a realidade. Mas não se deve ver isso como um problema. Não há sujeito humano sem cultura e comunidade. Não pode haver sujeito livre sem civilização. O funcionamento do indivíduo como sujeito depende totalmente de sua operação adequada como objeto, porque é a própria sociedade quem toma o indivíduo-objeto para criar nele o sujeito. Dessa forma, o indivíduo nunca é sozinho o sujeito de sua educação; ele é sujeito na medida em que é objeto de uma atividade pedagógica comunitária.

Não faz sentido, portanto, tentar formar por meio do processo educacional indivíduos de consciência autonômica ou heteronômica. O indivíduo de consciência autonômica é um fator de ruptura, de revolução, e a revolução é sempre destrutiva para a civilização, porque sempre envolve uma condenação absoluta das estruturas culturais. Essa condenação absoluta não faz jus ao fato de que há normas divinas que determinam, em maior ou menor grau, a organização de determinada cultura, e trata a sociedade erroneamente, como ela se fosse meramente um produto arbitrário da vontade humana. A transformação de um educando em um autonômico é o rompimento do processo educacional e a introdução de uma anomia social. O projeto autonômico pode gerar apenas rupturas sociais e fragmentação cultural.

Quanto à consciência heteronômica, esta torna a cultura estagnada, destruindo seus fatores internos de renovação e purificação, que são os sujeitos livres. Além disso a heteronomia sempre acaba produzindo, em reação, a autonomia. A consciência teonômica não é conservadorista; embora reconheça as leis divinas estruturando a vida humana, reconhece também a influência pervasiva do pecado em toda a ordem criada. Assim, ela exige a reforma de toda a existência a partir do evangelho.

4.3. Teonomia e Educação

A abordagem teonômica é a abordagem apropriada a uma educação cristã porque não é nem reprodutivista nem de ruptura. Essa abordagem é capaz de manter o valor básico da heteronomia – a exigência de manter o sujeito como um objeto, alguém que nunca tem liberdade absoluta devendo se sujeitar a todas as leis que regem os objetos. Essa atitude traz ao sujeito o respeito pela tradição, pela pesquisa científica, e um interesse por toda a realidade, uma verdadeira abertura para a complexidade. Essa atitude (1) protege o educando de cair no subjetivismo relativista, na medida em que inculca nele a consciência das leis que regem a realidade; (2) instila o respeito por essas leis como fatos da realidade que precisam ser entendidos e respeitados, não invenções sociais; (3) protege o educando da anarquia tornando-o útil e bem integrado à sociedade.

Por outro lado, o valor básico da autonomia também é mantido: é somente funcionando como sujeito que transcende os objetos que o homem poderá de fato compreender os objetos. O reconhecimento da unidade profunda da realidade mantém no educando a abertura à unidade, e conseqüentemente o guarda da fragmentação relativista da realidade. O sujeito teonômico está atento à toda a realidade, respeitando a multiplicidade das coisas, reconhecendo todas as instituições sociais, mas recusando-se resolutamente a ser tiranizado por um aspecto da realidade, ou ser reduzido a um único aspecto da realidade. Enquanto o autonômico é "livre" recusando toda a autoridade, o teonômico é livre recusando a tirania de uma única autoridade.

Isso dá ao educando uma atitude crítica. Ele é formado para discernir todo dogmatismo idólatra, não meramente em sua caracterização teológica, mas em suas múltiplas manifestações. Por exemplo, na perspectiva do conhecimento e da política: De que forma essa leitura da realidade está distorcendo a realidade a favor de uma única perspectiva? De que forma essa leitura da realidade está favorecendo um projeto tirânico?

Mas o ponto fundamental é que o educando mantém sua atitude funcional como sujeito não autônomo e objeto não heterônomo adorando ao Deus vivo e reconhecendo nele a fonte de toda a realidade, de toda lei e de todo sentido. A adoração a Deus é a força que mantém em equilíbrio a atitude crítica em relação à heteronomia e a atitude positiva em relação às leis que Deus instituiu.

Continua...

http://www.aecep.org.br/artigos/artigos_detalhes.asp?id=7

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sexta-feira, 21 de março de 2008

ENCONTRO DE EDUCADORES



Quarta-feira, 12 de Março de 2008
Postado por Mauro Meister às 20:19

Já há algum tempo estamos envolvidos com a Educação Cristã Escolar e com vários eventos que reúnem educadores cristãos de nosso país. Quero apresentar aos leitores do Tempora a ACSI (Associação Internacional de Escolas Cristãs - Association of Christian Schools International) e o 7º Encontro Nacional da associação que será no próximo mês de maio, dias 01 e 02.


A ACSI foi fundada há quase 30 anos e dai em diante espalhou-se por mais de 100 países, 5000 escolas associadas e mais de 1.200.000 alunos. No Brasil ainda estamos nos 'humildes começos'. Temos cerca de 70 escolas associadas que atendem cerca de 18.000 alunos. Buscamos dar apoio aos educadores cristãos através da publicação de materiais de fundamentos filosóficos, práticos e didáticos para professores, além de eventos para diretores, professores e alunos, como olimpíadas de matemática e concursos de conhecimentos gerais, Bíblia, geografia e outros.

No dia 30 de abril teremos o Encontro para Diretores de escolas cristãs quando serão discutidos temas relevantes da administração escolar e o tempo é usado para compartilhar caminhos, dificuldades e soluções encontradas nas diferentes realidades das escolas brasileiras.

Dia 01 e 02 receberemos cerca de 400 educadores vindos de todas as partes do Brasil para dois dias de intensas atividades entre plenárias, oficinas e grupos de interesse. Confirmados para este ano já temos David Wilcox (Diretor de Assuntos Internacionais da ACSI Internacional), Estuardo Salazar (Diretor Regional da ACSI na América Latina), Fernando Capovilla (Professor da USP e autor), Solano Portela (Presidente do Conselho da ACSI-Brasil), Anita Gordon (Editora de Materiais Didáticos da ACSI Internacional), Augustus Nicodemus Lopes (Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie), Marta Franco Dias da Silva (Vice-Diretora da ACSI-Brasil e diretora da PACA),Steve Babbit (Diretor do Departamento de Publicações da ACSI Internacional), Paulo França e Helder Cardin (Professores do Seminário Bíblico Palavra da Vida), Cássio Miranda (Vice-Presidente do Conselho da ACSI-Brasil), Paulo Debs (autor e Ilustrador de literatura infantil), Débora Muniz,(Diretora do Colégio Presbiteriano Mackenzie - SP) e outros ainda estão por confirmar.

O tema geral do Congresso este ano é Ensinando para Transformar: Cultivando Potenciais em Cristo e as atividades serão no Campus do Mackenzie em São Paulo. Para conhecer mais sobre a associação e o congresso, você pode entrar em contato pelo site ou por email.

Materias publicados pela ACSI no Brasil:
Fundamentos Bíblicos e Filosóficos da Educação
Fundamentos da Psicologia da Educação
Fundamentos Pedagógicos da Educação
Enciclopédia das Verdades Bíblicas - Fundamentação para o Currículo Escolar Cristão
100 Idéias que Funcionam (Disciplina na sala de aula)
Sala de Aula, Disciplina e Gestão
Como desenvolver um modelo de ensino para a integração da cosmovisão



Para 2009: Série Ciências - Projeto Inteligente - livros didáticos para 2º e 3º do ensino Fundamental I e a continuidade das séries nos próximos anos, uma pareceria entre a área de publicações da ACSI e o Sistema Mackenzie de Ensino.

Creio que a Educação Cristã escolar é uma resposta de Deus a um chamado urgente na nossa nação, que é ensinar jovens e crianças com uma visão cristã de mundo, envolvendo, é claro, todas as áreas do conhecimento. Particularmente, conto com suas orações, apoio e divulgação.

Mauro Meister
Marcadores: ACSI, Educação Cristã
Fonte do Artigo

Postado pelo Prof. Luis Cavalcante

Ainda sobre Darwin...



Ainda sobre Darwin...
Postado por Augustus Nicodemus Lopes às 12:04

A entrevista abaixo foi concedida ao jornal Brasil Presbiteriano. Trata da realização em abril do Simpósio "Darwinismo Hoje," assunto de post anterior nesse blog.

BP: O senhor foi o idealizador do simpósio sobre Darwinismo? De quem partiu a idéia inicial de propor essa discussão no Mackenzie?

AUGUSTUS: "A idéia de propor essa discussão no Mackenzie partiu da Chancelaria mesmo. Ela nasceu da constatação de que sendo a Universidade o lugar apropriado para o debate dos contraditórios, precisamos refletir isto na prática. Mas o que acontece na realidade é que antigos paradigmas acabam por dominar o cenário acadêmico e não abrem espaço para este debate. É o caso com o Darwinismo, que como teoria científica e filosófica mais aceita acaba dominando o pensamento nas várias áreas da Academia, com pouco ou nenhum espaço para que se ouça o que cientistas que esposam outras teorias têm a dizer. Daí, a idéia de um Simpósio onde se possa ouvir o outro lado."

BP: O senhor imagina que, pelo Mackenzie ser uma instituição de caráter confessional, haverá, quanto a isso, alguma polêmica (além da que o assunto do simpósio, por si só, irá gerar)? Algo como o Mackenzie estar realizando um evento dessa natureza para promover o ponto de vista cristão a respeito da criação do mundo e das espécies?

AUGUSTUS: "É possível que surja alguma polêmica. Todavia, o Mackenzie está perfeitamente dentro do seu direito, pois como instituição de ensino superior confessional ela atende a uma ideologia específica, um direito que é garantido pelo Artigo 20 da Lei de Diretrizes e Bases: 'As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes categorias: III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas'. Esse artigo dá ao Mackenzie o direito de ser uma universidade cristã. Como tal, dentro desse direito, a universidade pode apresentar alternativas ao modelo evolucionista, que por sinal, já anda bem desgastado."

BP: O pouco que sei sobre a Teoria do Design Inteligente é que defende que a natureza foi planejada, projetada, e que se deve empreender uma investigação prática sobre a origem desse projeto ou desse design: se ele é fruto de uma organização proposital, talvez de uma mente criadora, superior, ou fruto do acaso ou de leis naturais. O senhor poderia explicar melhor essa teoria e o que pensa a respeito dela?

AUGUSTUS: "Na verdade, o Design Inteligente não pretende postular uma teoria das origens. Boa parte dos teóricos do Design Inteligente nem religiosos são. O que eles pretendem é chamar a atenção do mundo científico para o fato de que o Darwinismo com sua teoria da evolução das espécies não consegue explicar de maneira satisfatória determinados mecanismos e processos naturais descobertos pela bioquímica e outras ciências. Tais mecanismos, como o motorzinho das células, são por demais completos e complexos, sendo praticamente impossível considerá-los como fruto de um processo evolutivo movido ao acaso. A evidência, segundo os teóricos do Design Inteligente, aponta para um design, um propósito por detrás do desenvolvimento desses processos e mecanismos. Eles não chegam a postular que o designer desse processo é Deus, pois não querem levar o debate para a área religiosa, mas mantê-lo dentro do escopo científico."

BP: Quanto ao darwinismo ou neodarwinismo, como alguns chamam, muitos cristãos tendem a rejeitar essa teoria sem conhecê-la ao menos um pouco, dizendo até que Darwin afirmou que os humanos descendem dos macacos, o que não é exato. Outros, por outro lado, tentam descobrir pontos em que o darwinismo e o criacionismo poderiam se encontrar e não se contradizer, dizendo que talvez a forma como Darwin descreve a evolução das espécies tenha sido a forma como Deus trabalhou na criação do Universo e do homem. O que o senhor pensa sobre o darwinismo e essas formas de muitos cristãos o encararem?

AUGUSTUS: "É verdade que muitos cristãos tomam conhecimento da teoria da evolução através da versão oficial triunfante e sem nenhum questionamento, o que é deplorável. Eu pessoalmente creio que não há problemas em aceitar o que se chama de micro-evolução, ou seja, que os organismos de uma mesma espécie, com o tempo, se adaptaram e se desenvolveram, sobrevivendo os mais aptos por meio de um processo natural de seleção embutido na própria natureza desde a sua criação por Deus. Creio que existe abundante evidência desse fato, que em nada contradiz o pensamento cristão. Não creio que os cristãos tenham problemas quanto à micro-evolução. A dificuldade maior é quanto à macro-evolução, que postula o surgimento de espécies novas a partir de outras, como o surgimento do homem a partir de espécies inferiores. É verdade que Darwin não defendeu diretamente que o homem descende do macaco. Ele não mencionou a evolução humana no “Origem das Espécies”. Todavia, na sua teoria de descendência comum defendida em seu outro livro The Descent of Man [“A Origem do Homem”] Darwin ensina que o homem traz na sua estrutura corporal traços nítidos de sua descendência de formas inferiores. Ele diz que seu objetivo é mostrar que não existe diferença fundamental entre o homem e os animais superiores nas suas faculdades mentais, e que a diferença na mente entre o homem e os animais superiores é de grau, e não de tipo. Logo, Darwin disse, ainda que indiretamente, que o homem descende do macaco.

Muitos têm procurado uma conciliação entre Moisés e Darwin, os chamados evolucionistas teístas, que geralmente consideram Moisés como poesia e mito e Darwin como a expressão correta da realidade. O fato é que existe uma incompatibilidade radical entre os dois. A teoria da seleção natural de Darwin rejeita uma causa sobrenatural para esse processo. Asa Gray, um botânico americano, cristão, foi um dos primeiros a sugerir um “plano divino” dentro da teoria da evolução. Darwin protestou veementemente, numa carta a Lyell. O processo de evolução darwinista é mecanicista e a seleção natural é um processo cego, aleatório, e sem nenhuma intenção. Isso contraria a posição criacionista onde Deus é a fonte e o sustento de toda a sua criação.

Além disso, considerar os capítulos iniciais de Gênesis como lenda e mito cria um problema enorme para os cristãos, pois coloca como mito não somente as origens do mundo e do homem, mas também outros fatos como a queda do homem, tirando as bases históricas e teológicas para a antropologia e a soteriologia bíblicas. Dessa forma, se abre a porta para considerar como mito todo o restante da chamada "pré-história" de Gênesis, que são os capítulos de 1 a 12. Muitos evolucionistas teístas acham que Adão, Abraão, Moisés, etc. são figuras mitológicas, criadas pela imaginação religiosa dos judeus. Na hora que abrirmos a porteira em Gênesis 1-3, ela estará aberta para considerarmos como mito o resto da Bíblia."

BP: Sobre o criacionismo, os que nele acreditam são muitas vezes chamados de ingênuos ou crédulos, pois não há, até onde eu sei, suficientes evidências científicas que o comprovem. Há até entre os cristãos pessoas que defendem que a descrição da criação do mundo e do ser humano em Gênesis é uma figura ou faz parte de uma mitologia encontrada também em outras religiões antigas. O que o senhor acha dessa forma de pensar e qual é sua opinião sobre a origem do mundo e do homem?

AUGUSTUS: "Existem diferentes linhas criacionistas. Entre elas, existe o chamado criacionismo científico que tenta provar cientificamente que o mundo foi criado por Deus conforme relatado em Gênesis 1-2. Todavia, a linha criacionista predominante é que as origens do universo não podem ser descobertas por meio dos métodos empíricos da ciência moderna, e são mais uma questão filosófica e teológica. Dessa forma, os cientistas deveriam se ocupar em entender como o mundo funciona, deixando a questão das origens para filósofos e teólogos. Quanto à existência de relatos da criação do mundo na literatura religiosa de outras religiões, isso pode ser explicado pela necessidade fundamental que o homem tem de buscar as origens; seu espírito idólatra o leva a conceber a criação no âmbito da imaginação mitológica. Ainda que existam centenas de 'mitos da criação', em quase todas as culturas, nenhum se aproxima do relato bíblico. Não há evidência alguma de que Moisés teria copiado relatos babilônicos ou egípcios da criação do mundo, mesmo que vários deles sejam anteriores ao relato mosaico."

Fonte do artigo

Postado pelo Prof. Luis Cavalcante

Em São Paulo, ensino integral não melhora nota de alunos

21/03/2008 - 02h30
Em São Paulo, ensino integral não melhora nota de alunos

da Folha Online

Mais tempo na escola não resultou em melhores notas dos estudantes na rede estadual de São Paulo, de acordo com reportagem de FÁBIO TAKAHASHI publicada na edição desta sexta-feira da Folha de S.Paulo (íntegra disponível para assinantes do jornal ou do UOL).

Levantamento realizado pela Folha com base nos dados do Saresp 2007 (exame aplicado pelo governo paulista) mostra que, das 60 escolas com período integral na capital, apenas quatro tiveram notas superiores às médias das demais unidades de suas regiões.

Esses resultados referem-se à prova de matemática de 4ª e 8ª séries. O panorama foi semelhante em língua portuguesa. Clique aqui para ver a comparação entre as notas.

Conforme a reportagem, o programa Escola de Tempo Integral foi lançado no início de 2006 pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB) e elevou a jornada diária de cinco para nove horas. Ele é elogiado pelos educadores, porém é criticado pela forma como foi implementado. A principal reclamação é a de que não houve planejamento para as atividades extras nem uma melhoria da estrutura física das escolas.

"Esse resultado no Saresp não é uma surpresa. Os alunos ficam mais tempo nas escolas, mas sem atividades articuladas com as disciplinas", disse o presidente da Udemo (sindicato dos especialistas da rede estadual), Luiz Gonzaga Pinto. Já para o presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Carlos Ramiro de Castro, as dificuldades refletem problemas da rede. "Há, por exemplo, falta de recursos humanos. Além disso, 70% das bibliotecas estão fechadas. Como deixar as crianças na escola o dia todo nessas condições?" disse.

Fonte

Postado pelo Prof. Luis Cavalcante

domingo, 2 de março de 2008

ENTREVISTA COM SOLANO PORTELA, UM EDUCADOR REFORMADO E CALVINISTA


Educação - Qual o diagnóstico que você faz da educação básica no Brasil? Quais os principais problemas, avanços e retrocessos que a educação vive?

Analisando friamente os números, a educação básica vive, nos últimos sete anos, um período de retração. Por exemplo, no ensino fundamental (1ª a 8ª série), a rede pública, gratuita, mantém a quantidade de alunos (32 milhões - MEC-Inep), enquanto a rede particular tem progressivamente encolhido (15%). Isso ocorreu exatamente quando houve ampliação da capacidade nas escolas. As escolas sentem diretamente o reflexo do empobrecimento geral da classe média e da decrescente taxa de natalidade dos últimos anos. A escola particular, pressionada financeiramente pelo descompasso entre investimento e recrutamento, tem a tendência de sacrificar a qualidade de ensino exatamente quando os indicadores internacionais mostram a necessidade de elevarmos qualitativamente o nível dos nossos alunos.

Na formação dos professores, atravessamos décadas de um ensino meio utópico e idealista, no qual a ênfase na liberdade de quaisquer diretrizes, a concentração quase exclusiva no método e a retirada do mérito, como incentivo e forma de aferição, diluíram consideravelmente a qualidade do ensino. Os alunos deixaram de ser preparados para o mundo real, competitivo, no qual importa, sim, o que você sabe. Conteúdo virou termo pejorativo nos círculos pedagógicos. Atravessamos uma situação semelhante à descrita por um educador norte-americano (J. Gresham Machen) quando, comentando sobre a ênfase desmedida no método sem a importância necessária ao conteúdo, escreveu: "Fizemos uma grande descoberta pedagógica - que é possível pensar com uma mente completamente vazia!" Felizmente, parece que décadas de resultados desastrosos começam a acordar os nossos educadores, que passam a dar mais importância a valores, princípios, diretrizes, disciplina e, também, conteúdo - sem descartar ou negligenciar as melhores metodologias.

Educação - Quais foram as grandes mudanças pelas quais o ensino passou nos últimos tempos? O que é necessário para ser um bom colégio atualmente?

Com certeza a grande mudança metodológica é na tecnologia de informação. Hoje não se pode conceber o ensino que não utilize o computador com a tranqüilidade e facilidade com que papel e lápis têm sido utilizados.

Na área social, observamos o enfraquecimento da esfera da família. Isso tem profundos reflexos no conceito da escola, que passa a ter de trabalhar situações que antes eram abrigadas no seio familiar. Em paralelo, observamos conseqüentes tentativas de transferência de responsabilidades da família para a escola, forçando uma redefinição das áreas e dos limites. Por incrível que pareça, o colégio vê-se, freqüentemente, na qualidade de instrutor dos pais.

Para ser um bom colégio, atualmente, o ensino encontrado nele deve ser firmado em valores e princípios, de tal forma que esse ambiente e contexto permeie todas as disciplinas. A sociedade está cansada de uma educação amorfa e permissiva. Existe um anseio pelos valores de uma tradição bem firmada que dê aos alunos igual ênfase à modernidade e à visão do futuro. Não podemos simplesmente educar para o presente (e muito menos para o passado). Os colégios precisam equipar os alunos para que enfrentem os desafios do futuro com pleno conhecimento e habilidades que se enquadrem na época em que viverão a qual ainda não foi atravessada. Em um bom colégio, portanto, tanto a escola como as professoras e os professores têm que ser um pouco visionários. Não podem ser refratários a métodos contemporâneos à ampla utilização da informática. Devem dominar e equipar seus alunos a controlar o fluxo desmedido de informação no qual estão submersos.

Na esfera moral, esse controle, obviamente, parte pela adoção de valores éticos, principalmente porque vivemos em uma era onde é incentivada a sexualidade precoce e onde se jogam as crianças e os adolescentes em interações para as quais não possuem ainda a necessária maturidade. Em vez de policiamento ostensivo, o colégio deve promover, sobretudo, o desenvolvimento de autocontrole, considerando que as portas de acesso de idéias destrutivas e contaminadoras do progresso pessoal e de uma vida responsável estão escancaradas no lar, na rua e na escola. Perdemos o progresso suave que ia da inocência à maturidade responsável e temos de resgatar esses estágios, possibilitando que crianças sejam crianças e não adultos prematuros, maldosos e cheios de segundas intenções, sob a cobertura de uma falsa e enganosa "liberdade de expressão". Programas governamentais que incentivam promiscuidade, sob a falsa capa de transmissão de informações sexuais, devem ser veementemente resistidos e denunciados.

A escola que se rende à dissolução moral, adotando a linguagem e os métodos rasteiros da sociedade, com o argumento de que é assim mesmo e não se consegue mudar, é assumir a falência do sistema educacional e se entregar à derrota, como pedagogos. Os educadores devem se empenhar a fundo em uma reorientação da forma de educar e no fornecimento de ferramentas comportamentais e de controles aos jovens colocados sob seus cuidados. Isso não é possível sem âncoras metafísicas de valores e princípios; sem um fio de prumo que mostre se o edifício que se pretende erguer caminha para o desastre final, por terem sido utilizados materiais duvidosos, construção inadequada e métodos falhos.

Educação - Quais são os grandes desafios atuais para um bom professor? Que concepções mudaram em relação ao professor do passado?

Já está sedimentado que o professor discursivo não é eficiente, mas demos uma guinada demasiada encorajando professores passivos. A autonomia desmedida nas salas de aula, a quebra da autoridade do professor, a falta de respaldo ao respeito devido nas salas de aula são elementos prejudiciais a uma boa educação e à dignidade da profissão.

O grande desafio é, portanto, o professor ser produtivamente interativo, metodologicamente atualizado, informaticamente alfabetizado e que faça parte de uma escola que tenha filosofias e valores definidos, os quais abrace e defenda e com os quais comungue.

Fonte:
http://tempora-mores.blogspot.com/2008/02/entrevista-revista-educao.html

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

INCLUSÃO DUVIDOSA

Agência FAPESP – As políticas de inclusão digital, que estimulam o uso de computadores nas escolas, podem estar gravemente equivocadas, de acordo com um estudo realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisa mostra que o uso de computadores para fazer tarefas escolares está relacionado ao pior desempenho dos alunos – principalmente entre os mais pobres e mais jovens.

O trabalho, publicado na revista Educação e Sociedade, foi coordenado por Jacques Wainer, do Instituto de Computação, e por Tom Dwyer, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. A equipe utilizou dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2004.

“Existe hoje uma posição dominante favorável ao uso do computador nas escolas, como se ele estivesse associado a uma melhoria uniforme no desempenho do aluno. Mas constatamos que ocorre o contrário: entre alunos da mesma classe social os que sempre usam têm pior desempenho”, disse Wainer à Agência FAPESP.

Do ponto de vista de políticas públicas, o estudo aponta que é preciso entender melhor o fenômeno do impacto dos computadores nas notas dos alunos antes de defender a inclusão digital baseada na distribuição de tais equipamentos.

“Idéias como a de dar um laptop para cada criança parecem péssima opção, principalmente considerando que ele piora o desempenho escolar entre as crianças mais pobres. Corremos o risco de transformar a inclusão digital em uma exclusão educacional”, afirmou Wainer.

Segundo ele, a pesquisa foi derivada do Mapa da Exclusão Digital, publicado pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro em 2003. O documento apontava um melhor desempenho no Saeb entre os estudantes que tinham computador em casa.

“O documento dava um argumento favorável às políticas de inclusão digital. Mas havia problemas metodológicos: em geral quem tem computador em casa são os alunos mais ricos, que normalmente têm melhor desempenho. Para eliminar esse viés resolvemos considerar a classe social e focar no uso para tarefas escolares”, explicou.

O Saeb de 2004, segundo Wainer, prestava-se ao propósito, uma vez que incluía uma pergunta sobre a freqüência com que os alunos utilizavam o computador para tarefas escolares: nunca, raramente, de vez em quando e sempre.

“Usamos esses dados sobre alunos de 4ª e 8ª série do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio e pudemos avaliar a variação do desempenho nas provas de matemática e português de acordo com a classe econômica, dividida em sete estratos”, explicou o professor do Instituto de Computação da Unicamp.


Sem solução mágica

Os resultados mostraram que, na 4ª série, os estudantes de classe alta que usaram raramente o computador para as tarefas tiveram, em média, 15 pontos a menos do que os que nunca o fizeram – tanto em português quanto em matemática.

Dentre os mais pobres os que usaram o computador, mesmo raramente, tiveram nota pior do que os que nunca usaram, com uma diferença média de 25 pontos em português e 15 pontos em matemática. “O resultado mais importante, no entanto, surgiu quando os estudantes disseram sempre usar o computador. Entre esses, não importou a classe social ou disciplina, o desempenho foi sempre pior do que entre os que nunca usaram”, disse Wainer.

Entre os alunos da 8ª série, o quadro foi semelhante, mas houve uma melhora na prova de português entre os alunos que usaram raramente o computador. Em matemática, a diferença não foi significativa. “Mesmo assim, na 8ª série os mais pobres que usaram raramente ainda se saíram pior do que os que nunca usaram. Entre os mais ricos, os alunos que usaram raramente estiveram um pouco melhor do que os que não usaram”, contou.

Em matemática, para a maioria das classes sociais da 8ª série, os alunos que usaram raramente o computador se saíram melhor do que os que nunca o fizeram. “Por outro lado, quem usou sempre teve desempenho pior do que os que nunca usaram, em todos os casos”, destacou Wainer. Todos os dados passaram por teste de significância estatística, para eliminar o chamado ruído estatístico.

Segundo Wainer, a pesquisa constata apenas estatisticamente que os alunos que sempre usam o computador para suas tarefas têm pior desempenho. Mas não há dados para explicar por que o uso intenso piora as notas e por que o efeito é mais grave entre crianças de classes sociais mais baixas.

“Só podemos especular sobre os motivos. Para conhecê-los será preciso que outros especialistas utilizem ferramentas diferentes para realizar estudos qualitativos. O importante é destacar que os resultados são coerentes com outros estudos internacionais”, afirmou.

O pesquisador destaca que a avaliação de que o computador é uma ferramenta neutra é equivocada. “Como o computador é bom para nós, professores, por exemplo, tendemos a achar que ele é útil para todos. Mas ele não é uma solução mágica para a educação”, disse.

Para ler o artigo Desvendando mitos: os computadores e o desempenho no sistema escolar, de Jacques Wainer e outros, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.

13/02/2008 - Por Fábio de Castro - Fonte: Clique Aqui.

Postado pelo Prof. Luis Cavalcante

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

I ENCONTRO DE PROFESSORES DE OSASCO E REGIÃO...

TEMA: A CONTRIBUIÇÃO DO PENSAMENTO REFORMADO PARA A TRANSFORMAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Comunidade no Orkut...

Sábado: 15/Março/2008 – Das 8 h às 13 h

Ciência e Fé... se Misturam?
Prof. Msc. Adauto Lourenço - (Pesquisador/Fapesp)/Apresentação em Vídeo/DVD

Uma Avaliação Teológica Preliminar de Jean Piaget e do Construtivismo
Escritor e Prof. Msc. Solano Portela – (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

A Essência e a Relevância de Comenius, o Pai da Pedagogia para a Educação Atual?
Escritor e Prof. Dr. Edson Pereira Lopes – (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

O Professor Reformado – Uma Introdução
Prof. Mestrando Luis Cavalcante – (Instituto de Educação e Cultura Reformada)

Debate e Reação

Realização:
Instituto de Educação e Cultura Reformada

Local:
Igreja Presbiteriana de Osasco
Rua Rev. Paulo Lício Rizzo, 207 - Osasco - SP - Telefone: 3682-3075 (Ao lado da Câmara Municipal de Osasco)

Entrada: Um Kilo de Alimento Não Perecível

VAGAS LIMITADAS E COM CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO!

Fone: (11) 9675-4019
Inscrição pelo e-mail: prof.luiscavalcante@bol.com.br ou cavalcante@icavalcante.net

Comunidade no Orkut...

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Postado pelo Prof. Luis Cavalcante

I Simpósio Internacional – DARWINISMO HOJE - UPM nos dias 08 a 10 de abril 2008

I Simpósio Internacional – DARWINISMO HOJE - UMP nos dias 08 a 10 de abril 2008 LEIA MAIS

O I Simpósio Internacional – DARWINISMO HOJE é uma iniciativa da Universidade Presbiteriana Mackenzie e reúne pesquisadores no campo das diferentes áreas do saber, com a finalidade de integrar esforços para promover um amplo debate sobre as interpretações do Darwinismo, Criacionismo e Design Inteligente.

Sendo a Academia o lugar propício para o debate, é imprescindível que se apresente o contraditório e, por isso, embora o Darwinismo tenha se tornado um paradigma científico, outras interpretações, movidas por diferentes cosmovisões são aceitas e difundidas e defendidas cientificamente.

O tema está dividido em três grandes eixos:

* Darwinismo
* Criacionismo
* Design Inteligente

Visando à integração de um processo de aprimoramento científico, é imperioso que a Universidade Presbiteriana Mackenzie se abra para o estudo do paradigmático ao contraditório, do Evolucionismo ao Criacionismo.

O evento realizar-se-á nos dias 08 a 10 de abril 2008
Maiores Informações no link: INSCRIÇÃO...

COMUNIDADE NO ORKUT...

Sobre os Palestrantes

Dr. Aldo Mellender de Araújo
Possui graduação em História Natural (1967) e doutorado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1973). Realizou estágios na University of Liverpool (1975) e na Cornell University (1976), sobre história da genética e evolução. Atualmente é professor titular do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IB - UFRS), atuando na área de história e epistemologia das idéias sobre evolução biológica.

Dr. Paul Nelson

Paul Nelson é filósofo da Biologia, especializado em biologia do desenvolvimento. Tem um PhD em Filosofia pela Universidade de Chicago. Sua tese, publicada sob a forma de livro pela Universidade de Chicago, oferece uma crítica a aspectos da teoria da macroevolução à luz dos desenvolvimentos mais recentes na embriologia e da biologia do desenvolvimento. Nelson é membro da International Society for Complexity, Information and Design [Sociedade Internacional para a Complexidade, Informação e Design] e do Centro de Ciências e Cultura do Discovery Institute. Autor de vários artigos científicos em revistas especializadas.

Dr. Ruy Carlos de Camargo Vieira
Engenheiro Mecânico-Eletricista pela USP, Livre-Docente e Catedrático de Mecânica dos Fluidos na EESC-USP. Tem vários livros e artigos científicos publicados. É Presidente e Fundador da Sociedade Criacionista Brasileira.

postado pelo Prof. Luis Cavalcante

sábado, 2 de fevereiro de 2008

A SUPERIORIDADE MORAL DOS ATEUS, CÉTICOS E RELATIVISTAS



Este texto eu escrevi em 22 de julho de 2002 e publiquei no meu jornalzinho que divulgava na UFPa. Fala sobre a pretensa superioridade moral e intelectual do ateísmo e ceticismo militante, em particular, do materialismo como pensamento ideológico nos meios ditos "letrados". Algumas pessoas achavam que era uma crítica à religião, já que é normal que os acadêmicos universitários, tendo banido Deus das discussões filosóficas, presumem-se os suprasumos da moralidade e da inteligência. O título do texto, por si só, não deixa de ser irônico.

Nos centros intelectuais, é modismo dos militantes da intelectualidade e da inteligentsia, o posicionamento do ceticismo, do relativismo e do ateísmo como sinônimos de inteligência abençoada contra a ignorância congênita da fé religiosa e da moral cristã. O pressuposto intelectual do relativismo, do ceticismo e do ateísmo em certos intelectuais é de que seu posicionamento ideológico pressupõe um certo grau de santidade, ou de superioridade moral sobre os religiosos ou moralistas. “A religião é o ópio do povo”, reverberam esses iluminados intelectuais. Ou pérolas como “a religião só trouxe violência, sangue e intolerância”. Malgrado a crítica contra a fé, contra Deus, contra a Cristandade e toda a natureza de chavões a fim de chocar pobres beatas, os céticos, relativistas e ateus citam toda a sorte de malefícios da fé religiosa: inquisição, perseguições em massa, fogueiras santas, violações da liberdade de consciência, superstições, fanatismo, etc. Esses intelectuais, filhotes da prepotência típica do materialismo e do niilismo do século XIX, misturada à fé sacrossanta na ciência, esquecem das conseqüências que suas crenças causaram no século XX. A “razão”, a “dialética”, a “biologia das raças”, a “ciência natural” e toda essa credulidade associada às convicções políticas nos legaram mais sofrimento, mais violência, mais perversões morais e filosóficas do que a religião em mais de dois mil anos de história!

Não há nada intrinsecamente mal em ser ateu, cético ou relativista. Existem pessoas movidas pelo bom senso que não se viciam pelo aval de suas aparentes descrenças. Contentam-se apenas em desacreditar e não incomodar o resto. Não há nada que os comprometam moralmente, embora haja uma aparente contradição: um cético ou um relativista, ou mesmo um ateu, por mais que seja um niilista filosófico, a sua forma de valorizar, praticar ou crer na moralidade é uma posição que contradiz seus postulados ideológicos. Podemos dizer que alguns deles, sob determinados aspectos, são moralmente mias religiosos do que muitos crentes em Deus. Todavia, tampouco há algo que os incline a serem melhores ou mais moralistas do que os religiosos e ascetas. Nem mesmo se pode afirmar que o cético tenha algum pressuposto maior de tolerância do que o religioso. E é neste sentido que o relativismo, o ateísmo e todos os materialistas não estão isentos dos crimes tão ou mais cruentos quanto os crimes atribuídos à religião. Pelo contrário, a relativização de tudo encontrou terreno muito maior na intolerância e no despotismo do que a mera crença moral ou religiosa. Por uma razão muito simples: a descrença em todo tipo de verdade e todo tipo de princípio moral acabou levando às pessoas a não justificarem suas crenças, mas sim impô-las, sobrepujando a tendência racional de justificar uma verdade, pela persuasão arbitrária. Na prática, sem os critérios básicos de referência entre verdade e erro, as idéias acabam por se tornar a imposição da “verdade” contra a “verdade” de outro. Se não há pressupostos morais e éticos que imponham referências ou limites à imposição e ao poder, logo, para todos os efeitos, tudo é permitido, inclusive a violência, em razão de um interesse, que não se acredita verdadeiro, porém, conveniente. Se na visão cética, a busca da verdade se presume uma total alienação dogmática da realidade, a descrença total na verdade levou a uma espécie muito mais perversa de alienação e dogma, embasada na desmotivação, na indiferença e na negação de tudo o que o homem até então havia criado. A contradição intrínseca do ceticismo, do relativismo e de muitos ateus é a de que a afirmação categórica da inexistência da verdade acabou por se tornar um dogma do século XX, uma verdade absoluta.

Se o ceticismo, relativismo e o ateísmo se tornam dogmas, logo, para se “provar” o dogma, cabe destruir tudo que seja contrário a ela. E aí entra o papel dos intelectuais, como substitutos da moral religiosa e da ética política. Se a religião desenvolveu um conjunto de doutrinas morais e filosóficas de explicação do mundo, os intelectuais modernos inventaram outra forma de religião camuflada: a ideologia. A ideologia pouco difere da religião, em sua construção lógica. O destaque para a diferença é que a ideologia assume uma espécie de religiosidade caricatural, doentia e vazia. Ela possui todos os ingredientes de uma fé sectária: premissas absolutistas e uma lógica que explica toda a realidade por si mesma. Ou seja, a ideologia constrói uma lógica coerente, embora suas premissas dogmáticas fujam da realidade. Na verdade, como já diziam alguns filósofos, a ideologia é um novo ocultismo gnóstico, cuja demência presume sacrificar a realidade pela idéia. O que era antes a metodologia na construção de um pensamento, no caso a lógica ou a dialética, acaba por se tornar um fim em si mesmo. A ideologia, antes de apresentar contradições intrínsecas à realidade, dentro da dialética como princípio lógico, acaba por justificá-la como “síntese”, ao invés de negá-la. O procedimento dialético não se torna apenas um método; é a explicação mesma da realidade. Mais precisamente, a dialética possui um subterfúgio que a omite de seu próprio auto-engano: se tudo é relação de contrários, logo, a premissa que contradiz o que é dialético está dentro de sua redoma dialética, portanto, afirmando sua própria gênese de movimento. Contudo, há uma grave contradição: se “tudo é dialético”, logo, a dialética se contradiz em seu contrário anti-dialético, que por sua vez, acaba por afirmar que nem tudo é dialético. No final, a dialética como razão de tudo acaba num completo absurdo lógico.

Se a ideologia cumpre seu papel lógico de justificativa de tudo, ainda que não preste contas à verdade, a relativização de tudo implica afirmar que toda a ideologia não se torna um pressuposto de verdade, e sim de instrumento de movimento, seja da política, das massas ou da história. Por mais que tais ideologias pressuponham explicar noções abstratas e acima dos homens, elas mesmas se assumem como mentirosas, na essência, já que o postulado da verdade não existe. O mantra do “tudo é relativo” é tão condizente com o “tudo é dialético”, pois ambas entram em surto lógico. Haja porque se “tudo é relativo”, até o relativo se relativiza e a premissa se auto-nega. Se muitos intelectuais relativistas e céticos se pautavam na negação da toda verdade absoluta, por outro lado, negando todas as verdades, acabaram por impor na marra as suas “verdades”, com os instrumentos da manipulação ou mesmo da coerção. Em particular, usaram os mecanismos despóticos de poder político: o Estado totalitário e o Partido único onipotente. O “intelectual orgânico” de Gramsci, a “consciência de classe” marxista-leninista, e “revolução cultural” de Mao Tse Tung, tal como a força da “vontade política” de Karl Schmidt, foram os instrumentos de molde ideológicos que os intelectuais e engenheiros sociais de laboratório inventaram para domesticar o homem. A função do “intelectual orgânico” de Gramsci não é mais a clássica busca da verdade e do conhecimento e sim o zelo pela “pureza ideológica” do Partido, expandindo-a a ponto de transformar a cultura humana mesma na extensão da ideologia partidária. A “consciência de classe” tão alardeada por Marx e Lênin é uma casta de “eleitos” pela história, que se preza a dominar toda uma sociedade, em nome da tirania da maioria. A “revolução cultural”, produto preparado por Gramsci e aplicado fielmente pelos regimes comunistas, entre os quais o chinês, foi o método estatal ditatorial expurgar quaisquer tipos de pessoas ou idéias “indesejáveis” ou “contra-revolucionárias”, através de uma completa lavagem cerebral na consciência particular dos cidadãos. A “vontade política” nazista de Schmidt é o pressuposto da força e da violência como fator determinante ao zelo mais alto da legitimidade política, pouco importando o bom senso ou a felicidade dos governados. Enfim, as ideologias materialistas de grande parte dos intelectuais modernos conspiram contra a liberdade humana, no intento de revolucionar o homem. Tais pensamentos visam homogeneizá-lo, “totalizá-lo”. O materialismo como crença pressupõe que os indivíduos sejam seres previsíveis, domesticáveis por alguma ordem mecânica, alguma “lei” com que possa ser lapidar e manipular a humanidade como uma raça amestrada pelo meio. Tais filosofias negam a importância das escolhas autônomas da pessoa humana e supõe como absoluto a “sociedade”, o “coletivo”, em algo compacto e uniforme, anulando qualquer forma de diferença.

O “homem ideal”, o “novo homem socialista”, tão idealizado pelos intelectuais materialistas fanáticos e por revolucionários sanguinolentos, não passa de um homem artificial, criado pelo imaginário da inteligentsia. No aval de derrubar o poder de Deus no céu, eles querem usurpar-lhe o lugar. Porém, a militância intelectual contemporânea, em suas várias facetas ideológicas, não somente construiu seu pensamento no niilismo filosófico, como também foram precursoras dos sistemas mais tirânicos que a humanidade já escreveu na história. Ao contrário do que se pensa, o totalitarismo nazista e comunista não foi mero produto de um irracionalismo amalucado de militantes profissionais e desajustados. Ele encontrou acolhida em grande parte dos intelectuais, que via nestes movimentos políticos, a causa matriz de suas próprias ideologias de luta de classe, de raças, etc. Antes da ralé nazista e bolchevista tomar o poder, as ideologias de violência e de revolução ocupavam os meios intelectuais e universitários como a expressão da mais alta cultura.

Os campos de concentração, o extermínio em massa de dissidentes, de judeus, de religiosos e de toda a natureza de indesejáveis foram conseqüências da idéia de que os movimentos totalitários cumpriam um ciclo racional da “luta das raças” ou da “dialética histórica da luta de classes”. A crença relativista acabou por consagrar que toda a história é “filha de seu tempo”, que não há nada atemporal que pudesse julgar os crimes que estavam sendo cometidos em nome de pensamentos tresloucados. Os religiosos, como contestadores dessa nova idolatria, foram condenados, vilipendiados, rotulados como “ignorantes”, “fanáticos”, “supérfluos”, “anti-científicos”, quando o século XX suscitou mais perseguições religiosas e crimes do que as piores perseguições ministradas por religiosos. Os judeus e cristãos pagaram tanto mais com suas vidas, como qualquer outra vitima de perseguição a hereges e ateus. Aliás, perseguições muitas vezes patrocinadas pela intelectualidade niilistas, que ao negar toda a verdade absoluta, a moral e a religião, endossava a matança de milhões de pessoas, em nome do fanatismo da descrença total. Toda sua relativização ideológica acabou se transformando numa isenção completa de consciência moral, pressupondo forjar e moldar a humanidade à sua imagem e semelhança.

O século XX foi povoado de ateus, céticos e relativistas cínicos, sanguinários e desumanos, cuja descrença (ou crença) no nada, cujo desprezo niilista pela humanidade se compactuou perfeitamente com a falta de perspectiva e confiança no homem. Qual o pressuposto moral superior dos ateus, céticos e relativistas com relação aos religiosos? A resposta é nenhum. Ambos são capazes, em nome da fé, da religião, da política, da ideologia ou até mesmo em razão da crença ou descrença absoluta, de patrocinarem tantas atrocidades possíveis. Da mesma forma que o amor à Deus não significa dizer que o fiel ame os homens, o mesmo se poderia dizer dos intelectuais materialistas que querem “transformar” o homem através da “revolução”. Ambos na prática, talvez só amem seus próprios egos e suas vaidades. Pelo menos, o que consola na religião é o princípio que implica a esperança, na continuidade e na eternidade, além da referencia moral que os ocidentais herdaram do Cristianismo e Judaísmo. Neste aspecto, tanto melhor isso do que a filosofia de desespero do niilismo intelectual.

Fonte: http://www.cavaleiroconde.blogspot.com/

Postado pelo Prof. Luis Cavalcante