sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

GENOCÍDIO HOMOSSEXUAL?



A Folha de São Paulo, neste dia 09 de dezembro de 2008 traz uma carta, no “Painel do Leitor” discutindo notícias recentes sobre assassinatos de homossexuais em uma praça de São Paulo, que vêm sendo correntemente investigados pela polícia. Nela, o missivista fala de um “genocídio de homossexuais” que estaria ocorrendo no Brasil. Obviamente, como cristãos e cidadãos ordeiros dessa nação brasileira, somos contra qualquer assassinato. Acreditamos até que a punição corrente para esses crimes seja por demais suave, quando comparada com as determinações bíblicas que especificam a pena de morte para a retirada da vida de pessoas que são formadas à imagem e semelhança de Deus. No entanto, esse rótulo de “genocídio homossexual” é curioso, estranho e intrigante.

O autor da carta e da expressão é um militante da causa homossexual, de presença amiúde nas páginas dos jornais. Com um currículo impressionante, ele é Chefe do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia; membro da Comissão Nacional de Aids, do Ministério da Saúde (CNAIDS) e do Conselho Nacional de Combate à Discriminação do Ministério da Justiça. Para que não paire a falsa idéia de que ele é prestigiado apenas pelo presente governo, o Sr. Luiz Mott foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Rio Branco pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

Ele é um dos principais promotores da chamada “lei contra a homofobia” (PLC 122/2006), que tramita no Senado Federal e que já foi alvo de alguns posts neste Blog (veja aqui, aqui e aqui). Promove, também, outras leis semelhantes que estão sendo aprovadas por municípios e estados desse nosso país. Uma das pérolas nauseabundas de sua lavra é um texto no qual coloca em dúvida a historicidade de Jesus, para, a seguir, afirmar que se há qualquer veracidade nos relatos bíblicos, o que sobressai é um Jesus que é sodomita ativo e um apóstolo João como um de seus amantes. Paro por aqui, sem entrar em detalhes mais obscuros e pornográficos de outros textos sua autoria e promoção. Informo, em adição, que o Luiz Mott tem contestado algumas acusações que tem recebido, em vários blogs, nesta sua página.

Interessa-me, na realidade, analisar a sua expressão e a divulgação freqüente de que atravessamos um “genocídio homossexual” em nosso país. Uma das estatísticas mais utilizadas (faça uma pesquisa no Google) é a de que “a cada três dias um homossexual é assassinado no Brasil” (veja, por exemplo, aqui e aqui). Essa tem sido a principal bandeira para promover o malfadado Projeto de Lei já mencionado, supostamente contra a homofobia. Recentemente, estive em um evento e ouvi um Ministro de Estado repetir essa mesma estatística, sem pestanejar, nem ponderar. A inferência desse número, é que isso retrataria uma brutalidade e ataque intenso aos homossexuais em nosso país. Os gays necessitariam, portanto, da proteção dessa lei contra tal intolerância. Para chegar a esses números, e afirmar que, no Brasil, “tivemos 122 mortes, neste ano, superando o México e os Estados Unidos”, Mott compilou os seus dados através do método duvidoso de referir-se às notícias dos jornais, por inexistência de “estatísticas oficiais”. Segundo Mott, o Brasil atravessa um “homocausto” (trocadilho que procura associar a morte de homossexuais ao Holocausto)!

Repetindo, acredito na lei de Deus e em seus princípios de justiça, bem como na dignidade humana. Repudio, portanto, qualquer tipo de assassinato ou crueldade contra qualquer pessoa. Sobre essas estatísticas e sobre a terminologia que está sendo utilizada, entretanto, pondero o seguinte:

1. Em primeiro lugar, a utilização da expressão “genocídio” é interessante, curiosa e contraditória. A palavra tem a sua origem com o trabalho do judeu polonês, Raphael Lemkin, que protestava as ações dos “atos bárbaros” da Alemanha nazista. Em 1944, ele cunhou o termo em seu livro “O Domínio do Eixo na Europa Ocupada”. Lemkim pegou a palavra grega “genos”, que significa “raça”, “tribo”, “grupo étnico”, unindo-a ao sufixo latino “cidium”, que significa “ato de matar”, “assassinato” - resultando na palavra genocídio, ou seja, o assassinato de uma raça ou de um grupo étnico. Quando um homossexual se refere a assassinatos de homossexuais como sendo “genocídio homossexual”, está atribuindo um determinismo genético ao homossexualismo (equacionando a prática com “raça”, “tribo”, “grupo étnico”). Ocorre que, curiosamente, eles próprios têm se posicionado contra a noção de que existe uma inclinação biológica ou genética à prática. Afinal, uma das grandes bandeiras do movimento gay é sobre “o direito de opção sexual”: ser-se aquilo que se quer ser, em vez de procurar ser aquilo que biologicamente são. Rebelam-se contra a noção de que Deus criou dois sexos, e não três ou quatro. Colocam na pessoa a definição de sua sexualidade, e não no Criador. Pois bem, ao clamar “genocídio”, contradizem-se em sua própria argumentação.

2. Segundo, alguma coisa está sendo perdida nessa estatística. A cada ano, 50.000 brasileiros são assassinados, o que dá 138 brasileiros por dia, ou 414 a cada três dias. Se a questão é que “um homossexual é assassinado a cada três dias”, isso dá 1 a cada 414 pessoas. Ou seja, 0,25% dos assassinatos totais.

3. Ocorre que “... o movimento gay declara que o número de homossexuais na população brasileira atinge o percentual de 10%...”. Juntando essas duas afirmações, se verídicas (procedem, ambas dos grupos gays) chega-se à conclusão que morrem menos homossexuais do que o restante da população (414 x 10% = 41). Isto é, morrem 40 vezes menos homossexuais do que heterossexuais. De acordo com essas estatísticas distorcidas, a melhor forma de escapar com vida, no Brasil, é virar gay.

4. A questão, que essa discussão evita, é que mata-se indiscriminadamente no Brasil e isso não é restrito a um segmento ou grupo em particular. É verdade que falar genericamente dos assassinatos, da falta de lei, da violência contra os cidadãos, não “dá mídia” nem impressiona tanto, quanto as estatísticas do Mott. Por exemplo, o movimento Rio de Paz fez recente manifestação nas praias cariocas apontando a cruel estatística de que somente nos últimos dois anos, na cidade do Rio, há o registro de 9.000 desaparecidos. Destes, 6.300 foram presumidamente assassinados e nunca retornarão aos lares. Vários desses foram mortos com requintes de crueldade, no chamado “micro-ondas”, onde as pessoas condenadas a morrer são colocadas em pneus nos quais toca-se fogo, carbonizando a vítima. Esse “crematório individual”, praticamente impede a identificação dos restos mortais. Isso é um arremedo tropicalizado, mais sofisticado e mais cruel, daquilo que a gang de Winnie Mandela, na África do Sul (conhecida como Mandela Football Club) praticava contra os desafetos (lá, era um pneu, só, em chamas, colocado ao redor do pescoço), nas décadas de 70/80. Antônio Carlos Costa (líder do Rio de Paz) aponta que se fez um escarcéu enorme com 138 ativistas políticos que desapareceram na época do regime militar, mas ninguém aparenta dar a mínima com esses desaparecidos e essa matança indiscriminada de agora.

5. É curioso, portanto, que um grupo específico, manipule dados e formule estatísticas enganosas. É intrigante, que na contabilidade do Sr. Mott, homossexuais só morrem – eles não matam. É surpreendente como realidades são ignoradas, como no caso desses assassinatos mencionados no início deste texto, no Parque dos Paturis, em Carapicuíba ninguém aponta que o principal suspeito, preso em 10 de dezembro de 2008, um ex-PM, aparenta ser igualmente homossexual. Ele procurava encontros naquela localidade (uma das testemunhas informou que esteve com ele em um motel, nas vizinhanças). A mídia Esquece que os “ativos” são igualmente homossexuais. E assim, com essas frases e “estatísticas” de efeito, contando com apoio e projeção governamental, os gays e simpatizantes procuram impor uma lei da mordaça heterofóbica, sob o suposto manto de uma pretensa proteção à violência social que impera em nossas plagas; quando a violência não enxerga cor, raça ou sexo. Pior, ainda, é que essa lei é voltada contra as convicções e liberdades religiosas; contra princípios de acato à instituição da família, em vez de contra criminosos de verdade e assassinos de fato.

A triste realidade é a de que o governo tem abdicado de suas responsabilidades de proteção à vida, como sendo a prioridade número um de suas funções. Sofrer violência não é característica de um grupo específico, mas é conseqüência da impunidade e da omissão do estado. Provavelmente deveríamos formar um grupo: os OHEB – Órfãos Heterossexuais do Estado Brasileiro. Quem sabe conseguimos promulgar uma lei que nos proteja?

SOLANO PORTELA
www.solanoportela.net

FONTE: http://tempora-mores.blogspot.com/2008/12/genocdio-homossexual.html
Quinta-feira, 11 de Dezembro de 2008 - Genocídio Homossexual? - Postado por Solano Portela às 22:43

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Foto: memorial das vítimas de Fidel Castro.

Economista defende mudanças na organização do sistema educacional

Ampliação do investimento público em Educação e a organização do sistema educacional foi o tema da entrevista desta sexta-feira com Samuel Pessoa, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ). O professor acredita que a valorização da carreira docente passa necessariamente por mudanças na atual organização do sistema educacional. Ele defende a ampliação do investimento destinado à área e também a manutenção do pagamento dos funcionários aposentados pela secretaria de Educação.

Leia a entrevista a abaixo:

Todos Pela Educação: Atualmente o investimento público total do Brasil em Educação é de 4,5% do PIB, sendo 3,7% em Educação Básica. Em sua opinião, o País precisa investir mais para alcançar a qualidade ou é apenas uma questão de gerir melhor os recursos disponíveis?
Samuel Pessoa: No meu entendimento, ainda é preciso aumentar o orçamento destinado à Educação. Por exemplo, aqui em São Paulo ainda existe o chamado “turno da fome”, mas o ideal é que as crianças fiquem no mínimo cinco horas na escola, o que resultaria em dois turnos: um pela manhã e outro à tarde, mas para isto é preciso dinheiro. É importante que haja a fonte desse recurso. Por outro lado, muitos estudos têm demonstrado que não há garantias de que o aumento dos investimentos implique necessariamente na qualidade do ensino. Sobretudo, dada a forma atual de organização do sistema educacional. Há casos como, por exemplo, São Paulo onde o custo aluno é maior do que Minas Gerais, mas na comparação entre os dois estados São Paulo tem desempenho menor nas avaliações.

TPE: Algumas redes pagam os professores aposentados (inativos) com o orçamento da Educação. Isso impacta na qualidade do ensino?
SP: Acredito que esta discussão é acessória, porque a questão principal é aumentar o gasto com a Educação. Tirar o pagamento do orçamento da secretaria é equivalente a aumentar o gasto com Educação, pois esse pagamento será feito de qualquer forma, mesmo que seja por outra secretaria. O salário do professor tem que sair da conta da Educação, porque a aula que o professor dá hoje gera uma obrigação para daqui a 20 anos, que vem a ser a aposentadoria desses profissionais. Isso é importante até para a sociedade avaliar qual é o custo social da Educação.

TPE: Qual a sua interpretação sobre a valorização da carreira do magistério e o seu impacto na qualidade do ensino?
SP: A valorização pode a longo prazo melhorar a qualidade atraindo bons profissionais para a carreira. Entretanto, não é possível falar em valorização do professor sem promover simultaneamente mudanças na estrutura da carreira. Porque da forma como ocorre hoje é difícil valorizar o bom profissional. A rede pública é atrativa, é preciso repensar a contratação por concurso público, a aposentadoria após 25 anos de exercício, a estabilidade, o número de faltas permitidas e a evolução da carreira apenas pela passagem do tempo, porque esse sistema não distingue o bom e o mau profissional.

TPE: O projeto que prevê o fim gradativo da DRU foi aprovado em julho pelo Senado e aguarda avaliação da Câmara dos Deputados. Qual o impacto dessa medida no trabalho dos secretários de Educação?
SP: Eu tenho dúvidas se ainda hoje a DRU tem grande impacto sobre o orçamento das secretarias. Por outro lado, ela contribuiu para manter o superávit primário, na compra de títulos da dívida pública, e foi importante para o País voltar a crescer. O importante hoje é determinarmos quanto queremos gastar com Educação.

TPE: Falta transparência nos gastos públicos com Educação?
SP: Acredito que não. Avançamos muito nos últimos 15 anos. Hoje, é possível consultar os sites das secretarias municipais, estaduais e até do Ministério da Educação e saber exatamente qual foi o orçamento da pasta e como os recursos foram utilizados.

TPE: É possível criar um indicador que cruze investimento e gestão dos recursos destinados à Educação?
SP: Particularmente, prefiro indicadores que avaliam a eficiência pelos resultados e não pelos insumos utilizados. E, hoje, nós já temos esses indicadores. O Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, por exemplo, é um bom indicador da qualidade.

TPE: Em sua opinião, a população acompanha esses indicadores?
SP: No Brasil ainda não há a cultura de acompanhar e cobrar resultados, sobretudo entre as classes menos favorecidas. Ainda hoje, há muitos pais com baixa escolaridade, que não têm como avaliar se a escola está cumprindo o papel dela ou não. Mas acredito que essa realidade está mudando. O próprio movimento Todos Pela Educação tem trabalhado para isso, é preciso ampliar o controle social sobre a qualidade da Educação.



Fonte: 10/10/2008 - www.todospelaeducacao.org.br